Desde de março de 2020, entramos em um universo totalmente diferente para continuar a missão de evangelizar o povo de Deus devido à crise sanitária Covid-19. Esse novo “areópago” podemos chamar de on-line, isto é, saímos do off-line para o mundo on-line. O uso da mídia, no novo modus vivendi, pela falta de competência, vem causando falhas e constrangimentos em relação à essência do mandato missionário de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mc 16,15-18) e os objetivos da ação evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), que têm como eixo a evangelização. Necessitamos de clareza para agir on-line!
Bento XVI, na exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini (VD) sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, fala sobre a sacramentalidade da Palavra de Deus. Ela é um sinal sacramental, pois é por meio dela que Deus se revelou na história da salvação e vem nos ajudando a construir nossa história salvífica.
A Palavra é o Verbo
“Na origem da sacramentalidade da Palavra de Deus está precisamente o mistério da encarnação: ‘o verbo se fez carne’ (Jo 1,14), a realidade do mistério revelado oferece-se a nós na ‘carne’ do Filho” (VD, 56). Pelo mistério da encarnação, a Palavra eterna do Pai entra no mundo e no tempo dos homens: “A proclamação da Palavra de Deus na celebração comporta reconhecer que é o próprio Cristo que se faz presente e dirige-se a nós para ser acolhido” (Idem).
Cristo, “realmente presente nas espécies do pão e do vinho, está presente, de modo análogo, também na Palavra proclamada na liturgia. Por isso, aprofundar o sentido da sacramentalidade da Palavra pode favorecer uma maior compreensão unitária do mistério da revelação em ‘ações e palavras intimamente relacionadas’, sendo de proveito à vida espiritual dos fiéis e à ação pastoral da Igreja” (Idem).
A Igreja experimenta a sacramentalidade da Palavra, que é viva e eficaz (cf. Hb 4,12), todas as vezes que proclama e explica a Escritura, isto é, Deus se manifesta na Escritura proclamada na celebração eucarística. A Palavra cria vínculo entre quem fala e quem escuta. A proclamação das Escrituras nas celebrações leva os fiéis a descobrirem o caráter performativo da Palavra de Deus (Deus faz o que diz) e seu agir na história da salvação (cf. VD 53).
Por meio da união entre gesto e Palavra, nos eventos da economia divina, os fiéis percebem a presença operante de Cristo quando ele nos fala através das celebrações litúrgicas (cf. Sacrosanctum Concilium, 35). “Ele está presente na sua Palavra, pois é ele quem fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura” (Idem, 7).
Proclamação e anúncio da Palavra de Deus
Os ministros ordenados recebem o ministério de leitor, na ordenação diaconal o livro dos Evangelhos, na ordenação presbiteral são interrogados e fazem a promessa de proclamar a Palavra de Deus, e quem é ordenado bispo assume a missão de anunciar a Palavra de Deus com toda a constância e desejo de ensinar (cf. Pontifical Romano, 94,126,174,250). Essas promessas que fizemos levam-nos a tomar posição diante dos novos desafios midiáticos.
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Temos consciência da força das redes sociais que prendem nossa atenção para estarmos conectados. São iscas de cliques com chamadas e imagens sensacionalistas para nos chamar, para nos encantar com inúmeras finalidades: políticas, sociais, religiosas etc. Assim, devemos criar metodologias para anunciar, divulgar a Palavra de Deus na dinâmica da sacramentalidade, atraindo os fiéis e ensinando as verdades sobre Jesus Cristo, a Igreja e o homem, imagem e semelhança de Deus, e levando a fazer a experiência do encontro com Cristo, pela Palavra, lida na Igreja (cf. Doc. Aparecida, 247-249).