Apresentação de Jesus: da contradição à realidade
Você já percebeu que a lógica do cristianismo confunde os conceitos deste mundo? Os valores são inversos. Apenas no Evangelho de São Mateus, mostro três exemplos:
– O último é o primeiro – Mateus 19,30
– Amar os inimigos – Mateus 5,44
– Maior é o que serve – Mateus 20,26-28
Foto Ilustrativa: sedmak by Get Images
Na realidade ultra-capitalista, é comum que o homem busque status, influência, destaque e sucesso. Porém, a proposta de Jesus é: seja o último. Coloque-se no seu lugar. Seja humilde.
De modo semelhante, os termos “amor” e “inimigos” parecem distintos e extremos, mas vem Jesus e diz: quanto aos seus inimigos, ame-os.
E quanto a ser grande, ter poder, impor respeito? Jesus ensina assim: “Para você que quer ser grande, seja o serviçal. Ajude, estenda as mãos.” Altruísmo e abnegação.
São apenas alguns flashes do que os ensinamentos sagrados revelam como projeto de santidade apresentado por Jesus. É tudo contraditório ao que o mundo anuncia, alimenta e descarrega em suas mensagens subliminares e explícitas às crianças, jovens, adultos e idosos.
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Em tempos de Advento, são frequentes as reflexões em grupos pastorais e familiares sobre o nascimento de Jesus e o que comporta a presença salvífica d’Ele no mundo. O fato de sua apresentação no templo, destacado na liturgia católica todo dia 2 de fevereiro e narrado em Lucas 2, 22-40, também é lembrado com afeto em tempos natalinos. Trata-se do menino Deus.
Para que apresentar Quem é a própria apresentação?
De repente, surge outra aparente inversão: apresentar quem se apresenta. Apresentar, no Templo, o Salvador da humanidade? Apresentar Aquele que se revela.
Pode-se afirmar que a maior sede e necessidade de cada ser humano, além do seu bem físico, emocional e mental, é a paz com Deus, com o sobrenatural.
Neste contexto, Jesus, como menino, mostra-se, revela-se e apresenta-se como a saciedade para a sede da humanidade. Ele é a fonte. Beber dessa água é ter um relacionamento com Ele, como descrito no encontro com a mulher samaritana em João 4,13-14.
Mas a dúvida permanece: para que apresentar Quem é a própria apresentação?
Muito mais do que ensinar teorias, Jesus, como 100% homem, vive sob a lei, mesmo trazendo um novo mandamento; sendo o novo mandamento vivo. Maria e José, com a ciência de ter em seus braços o menino Deus, seguem sua tradição e vivem tudo o que precisam como pais e apresentam sim Jesus no templo.
Existe uma forte mensagem de Deus nisso: independentemente do ambiente onde você estiver ou viver, submeta-se à lei de Deus. Busque o último lugar, ame os seus inimigos, sirva e então serás grande no reino dos céus. Sujeite-se, mesmo tendo cacife e autoridade, à atitudes de escuta, de ver antes de julgar e agir.
Como seguidor fiel do menino Deus que se apresenta no Templo, o Papa Leão XIV enfatiza, em seus discursos, que “a humildade é a verdadeira liberdade, uma forma de servir a Deus e aos outros, não de se exaltar. Ser humilde significa ser um servo, colocar o Reino de Deus em primeiro lugar e agir com simplicidade e proximidade.”
Refletir sobre isso é abrir-se para, assim como Jesus se submeteu, viver no mesmo caminho proposto por ELE. Se você chegou até aqui na leitura deste post, não pode seguir em frente sem que brote uma nova disposição dentro de si para ser Jesus no mundo hoje.
Sua família, seus colegas e amigos precisam de você melhor, mais humilde, serviçal e com disposição de apresentar Jesus ao mundo, como Ele foi apresentado no templo.
Coragem! Não é em vão que o Senhor Deus lhe dá um novo suspiro a cada instante. Ele ama você.
Fernando Fantini – @fantinicn
Missionário da Comunidade Canção Nova
