De que vale o homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida.
Estava lembrando de quando eu era criança… Como era difícil obter as coisas mais simples, como comer uma fruta diferente como maçã, uva, pera, melão… era só de vez em quando! Todos fomos acostumados a morar em casas simples. Em casa, éramos oito: pai, mãe e seis filhos; morávamos em casas com três quartos: os meninos num quarto, a mãe e o pai em outro quarto, minha irmã num outro, e um banheiro, que era de toda família. Estávamos acostumados a ter uma roupa melhor para sair, outra para ir para escola e qualquer roupa simples para ficar em casa, brincar etc.
Descrevi tudo isso por ser a realidade vivida por muitas pessoas, como é o meu caso. Quero traçar um paralelo com a vida de esbanjamento que temos hoje em dia. É gozado, pois nós não tínhamos quase nada, mas conversávamos; eu saia com meu pai para pescar ou caçar passarinho, ia ao mercado ou ao açougue com a mãe. Estávamos juntos às refeições, tínhamos convivência.
A mentalidade moderna rouba a convivência
Vejo que, hoje, a providência, fruto da acumulação de rendas, de muito trabalho, de muito esforço, retirou a convivência das famílias. Tudo é fácil. Por telefone, você compra as coisas de que precisa. As pessoas querem ter muitas roupas, uma para cada dia da semana, para cada ocasião; depois, descartam-nas. As alimentações são feitas em restaurantes por quilo ou come-se um lanche. O distanciamento entre as pessoas estabeleceu-se nesta mentalidade dita como moderna, mas que, na verdade, é escravizadora. Os homens são escravos do ter.
Quero meditar o que Jesus disse: De que vale o homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida.
E vemos que isso acontece de verdade, não só a vida eterna. O homem que não quer tomar uma direção diferente quanto ao seu modo de viver corre o risco de deixar de viver como filho de Deus, passando a viver como escravo do mundo. Sabe qual é o fruto: sofrimento, distanciamento, separação entre as pessoas.
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É preciso converter-se. Dar valor às pequenas coisas do cotidiano. Na minha casa, eu ainda consigo conservar o sentar-se à mesa, agradecer a Deus depois tomarmos as refeições juntos – eu, minha esposa e as duas filhas que temos. Acho isso uma riqueza, um momento ímpar de convivência. Acredito que se quisermos, de verdade, se nos esforçarmos sobremaneira a todas as dificuldades desta vida corrida, conseguiremos pelo menos isso.
Reflita sobre isso. Como estamos convivendo com os de nossa casa? Como estamos dando valor aos pequenos gestos de amor que acontecem no nosso dia a dia? E se não acontecem? Vamos começar hoje? Ainda há tempo. Pense nisso e mãos à obra!
Nós podemos fazer o novo com a ajuda de um Deus que quer novas todas as coisas. Podemos ser mais simples, mas mais humanos. Quanto mais humano formos, mais divino nos tornaremos.