É importante e fundamental voltarmos o nosso olhar para nós mesmos e termos a consciência de que, se vemos algo que precisa melhorar e crescer no relacionamento familiar, isso é um bom começo. Precisamos, a partir de nós, refletir e buscar as maneiras mais adequadas para agirmos em meio às situações, sejam elas conflituosas ou não.
É sugestivo reservarmos um tempo e nos retirarmos para acalmarmos e silenciarmos o coração, rezarmos para ter um olhar espiritual diante dos reais acontecimentos. É importante termos uma visão de fora e nos perguntarmos: “Como posso contribuir com minha família?”. Vejamos, primeiramente, que graça é poder ter um família, embora, talvez no seu conceito, não seja a família como você gostaria que fosse. Pense: você tem uma família, pessoas, um lugar para estar. Saiba que, em todo relacionamento, seja ele qual for, haverá conflitos, pois cada pessoa é um universo e única.
É, de fato, desejo de Deus como Pai que tenhamos uma família harmoniosa e feliz. Não podemos achar normal e nos acostumarmos com a desestruturação familiar, mas nos empenharmos e persistirmos no sonho de Deus para nós. A Sua vontade e o Seu plano de família é para todos, independente de crença, língua ou raça, pois para Ele todos são filhos, então todos estamos incluídos.
Não importa a situação, o que importa é: o que devemos fazer para melhorar o relacionamento familiar?
De fato, deparamo-nos com a nossa fragilidade humana e limitações, mas é possível trilhar um novo caminho. Se temos a clareza de que algo precisa melhorar, já é o primeiro passo. Precisamos nos dispor nos e responsabilizarmos em ajudar, a começar por nós mesmos.
Quais são as aptidões que temos, ou seja, as qualidades que trazemos e que ajudarão na família? Seria uma redescoberta de nós mesmos, é certo, todos somos dotados de dons, de qualidades. Depois, é importante olharmos para cada pessoa da família, pois, embora vivam juntas, elas enfrentam situações adversas que desconhecemos, e respondemos diferente às circunstâncias da vida familiar como também ao mundo em que vivem.
Olhar para a situação que a sua família está vivendo, pedir a Deus a graça de ver somente aquilo que, de fato, é verdadeiro, real. Ou seja, usar o bom senso para separar o que está a mais na situação, seja a fofoca, a mentira…
Solução de amor
No relacionamento familiar, é preciso o exercício constante de amar sem se deter somente no amor afetivo, mas também num amor efetivo, pois existem laços de sangue, laços familiares, então, escolha amar, embora, talvez, eu não sinta ou não tenha vontade.
Quando se ama, para cada circunstância existe uma solução de amor. O amor é o ato mais significativo e importante, capaz de transformar uma família para melhor. Ame sem medo e sem reservas: “No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor…” (I Jo 4,18)
Talvez, quiséssemos uma lista de dicas para colocar em prática e resolver todos os conflitos familiares, porém, cada família é única e tem desafios que lhe são próprios; embora pareçam semelhantes, as pessoas, os temperamentos, as histórias são únicas e irrepetíveis… Saiba que essa família da qual você faz parte, com as suas peculiaridades, é e será a sua oficina diária de santificação que o levará para o céu.
Basta uma pessoa da família ter essa abertura de consciência, um olhar de esperança, disposição interior e determinação, tendo o amor como a base eficaz, que esse é o ponto essencial e culminante para uma transformação na vida familiar, pois o amor é um movimento que vai ao encontro do outro de modo único e criativo, que extrai o que há de melhor para ser compartilhado.
“O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará.” (I Cor 13,4-8)
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Existe algum manual para seguir?
Não existe um manual para melhoria familiar, porém, o amor é a ferramenta fundamental, é ponto de partida e ponto final de todas as coisas. Se eu amo minha família, eu decido acreditar e me disponho livremente em resgatá-la, pois quem ama não desiste.
Nessa dinâmica do amor diante dos desafios familiares, é consequência de quem ama dialogar, alegrar-se com a vitória do outro, não impor, não cobrar nem colocar peso em ninguém, mas sim procurar o que cada um tem de melhor a oferecer, é olhar as qualidades de cada um, é elogiar, é deixar que se evidencie o que o outro tem de bom. Ser o primeiro a dizer “bom dia”, “boa noite”, a ajudar e pedir por favor, dizer obrigado. Se errar, pedir desculpas, e também perdoar, e não ficar apontando o erro da pessoa.
Ao notar algo diferente na pessoa, com discrição, perguntar o que aconteceu, dispor-se a ouvi-la, deixá-la falar. Na maioria das vezes, não é preciso dizer nada, apenas ouvir e dar a ela o direito de silenciar. Independentemente da situação, demonstre atenção a ela.
Na sua família, procure trazer leveza, use da criatividade com algo que envolva todos, talvez um simples jogo, a leitura, uma oração, uma comida, um passeio…
Lembre-se que gentileza gera gentileza, e quem planta amor colhe amor. Basta que apenas uma pessoa decida e escolha amar, e, aos poucos, até o coração mais endurecido será transformado, pois o amor é a resposta para o relacionamento familiar.
Creia que o amor que decidimos viver livremente, com responsabilidade, é a resposta para melhorar o nosso relacionamento familiar, pois ele tem poder de transformar pessoas e o meio em que vivemos.
Se não se sente capaz de dar esses passos, procure ajuda e orientação de alguém maduro e de confiança, que saiba acolhê-lo, ouvi-lo e direcioná-lo (um amigo, uma casal, uma padre etc).