“Como essa criança é agitada! Não para nem um minuto sequer, ela só pode ser hiperativa!” Você já ouviu essa frase alguma vez em sua vida? Notamos que muitas pessoas têm realizado um diagnóstico antecipado de situações desse tipo, dando às crianças a conotação de um problema sem que esse exista.
A grande preocupação com nossas crianças está relacionada a atribuir rótulos, doenças ou diagnóstico naquilo que faz parte apenas do desenvolvimento saudável e também de uma geração que é, muitas vezes, mais “ligada e agitada”, respondendo ao ritmo que presenciam diariamente: com pais, na escola, nas informações, no uso de tecnologia.
Se antes as crianças assistiam, tranquilamente, a um desenho, depois iam brincar e, logo mais, ouvir música, percebemos que, hoje, elas fazem muitas atividades ao mesmo tempo.
O perigo do diagnóstico precoce na criança
Todo diagnóstico que indica qualquer tipo de doença deve ser feito com técnica e profissionalismo, incluindo não apenas a observação de um único comportamento isolado (por exemplo: agitação e energia para correr e brincar até tarde), mas de todo o contexto daquela pessoa. Um diagnóstico nunca deve ser precoce nem baseado numa desconfiança ou num “achismo”.
Medicar nem sempre é a melhor e mais adequada saída quando falamos, por exemplo, de uma criança que, mais do que “ativa”, está sim vivendo uma das fases mais bonitas da vida: ser criança.
Todos nós, sejamos ou não sãos, em várias situações da vida poderemos apresentar comportamentos estranhos ou reações exageradas diante de situações no cotidiano, o que não significa estarmos com alguma doença, nem que vamos desenvolver uma. Muitas reações podem ser apenas o reflexo de um momento da vida (perda de emprego, fim de um namoro, briga no trabalho ou na escola etc.).
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Se mesmo assim, seus filhos, irmãos, em seu processo de desenvolvimento, forem diagnosticados com algum tipo de questão, seja ela física, mental ou emocional, é importante que o primeiro passo a ser dado seja “não rotular”.
Os efeitos dos rótulos
Rotular é dar àquela pessoa um valor menor ou maior por conta dessas limitações: “Meu filho não aprende, porque é hiperativo ou porque tem dislexia”, “Ele nunca será um bom profissional”, “Sua limitação física não lhe permitirá alcançar a felicidade”.
Sabemos que os juízos de valor são usados no convívio na escola, nas relações com a família e até nas avaliações pelas quais passamos em toda a nossa vida, mas, certamente, essa não é a melhor prática, e é importante que possamos rever isso em nossa conduta e na educação dos filhos.
Muitas vezes, a criança mal consegue manifestar suas habilidades e capacidades, porque já é desqualificada diante das demais pessoas.
Um exemplo prático disso é quando um aluno vai mal na prova; ele teve um baixo desempenho naquela prova, mas não significa que ele seja um fracasso ou que eternamente será um mau aluno. Nosso desenvolvimento depende de estímulos que são diferentes de pessoa para pessoa; um dos seus filhos pode ter maior habilidade para matemática, já o outro, para geografia, mas, mudando a forma de ensiná-los ou ajudá-los, ambos podem crescer em suas dificuldades e diferenças.
Não deixe que coisas simples de uma criança tomem uma proporção maior do que realmente são, ou que antecipem problemas que nem existem. E mesmo que existam, que eles não sejam uma barreira, pois a vida oferece muitas chances, mesmo diante das maiores adversidades.