Ano “Família Amoris Laetitia”

Os pais devem levar a sério a educação dos filhos

Uma das atividades fundamentais da família é a geração e a educação dos filhos; nada é mais importante para o casal. Isso o torna nobre porque ele passa a ser, como disse, São Paulo VI, “a nascente da vida”, e cooperador do Criador na sua obra mais excelente. Santo Irineu de Lião (†200), disse que “o homem é a glória de Deus”.

Educar os filhos é uma tarefa bela e sublime que exige amor e dedicação dos pais, que envolve os cuidados de alimentação, saúde, religião, atenção, carinho, respeito; tudo isso é uma “centelha do amor de Deus”.

A Exortação do Papa diz que a criança não só tem o direito de ser gerada diretamente pelo ato de amor conjugal dos pais, como tem o direito de ser amada pelos pais para o seu bom desenvolvimento integral. Toda criança tem o direito de ter um pai e uma mãe, pois ambos são fundamentais em sua educação afetiva, psicológica e sexual. E tem também o direito de que pai e mãe se amem para que o lar seja um ninho de amor e paz. No seu amor mútuo, os pais revelam aos filhos o amor de Deus por eles.

Se, por alguma razão inevitável, falta um dos dois, é importante compensar essa falta para favorecer o adequado amadurecimento do filho. É profundo o sentimento de ser órfão.

Os pais devem levar a sério a educação dos filhos

Foto ilustrativa: BraunS by Getty Images

O papel dos pais na educação dos filhos

É preciso destacar que as crianças têm necessidade da presença materna. Diz o Papa que “o feminismo sadio é aquele quando não pretende a uniformidade nem a negação da maternidade”. “As mães são o antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta. (…) São elas que testemunham a beleza da vida”. “Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral”.

Além disso, são as mães que transmitem, na maioria das vezes, o sentido e o valor da prática religiosa. É com ela que a criança aprende a rezar, amar a Deus, e as primeiras lições de catequese. Também a presença do pai na vida do filho é fundamental para compartilhar suas alegrias e dores, medos e angústias. Os pais precisam ensinar o filho a usar a liberdade com responsabilidade e verdade, para não cair na libertinagem.

Os pais precisam gastar tempo com os filhos, educá-los pela conquista e pela fé, especialmente quando são crianças. Um filho que ama seu pai, o obedece com gosto; mas, para isso, é preciso que o pai o conquiste com seu amor, amizade, tempo gasto com ele nas diversões, passeios etc. Quando um pai “conquista seu filho” é fácil leva-lo para Deus. As correções impostas aos filhos (“castigos”) não podem ser violentas e humilhantes. Elas precisam ser corrigidas, mas com carinho e firmeza, sem humilhações. Corrigir adequadamente é uma forma de amar. Sem isso a criança se deseduca. São Paulo lembra aos pais: “Vós, pais, não exaspereis os vossos filhos” (Ef 6, 4). “Deixai de irritar vosso filhos para que não se tornem desanimados” (Col 3, 21).

Os pais devem orientar e alertar as crianças e os adolescentes para saberem enfrentar situações onde possa haver risco, por exemplo, de agressões, abuso ou consumo de droga. O que interessa, acima de tudo, é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia.

Ética e moral

Os pais precisam cuidar da formação ética e moral dos filhos, e para isso precisam acompanhar as suas amizades, o que estão aprendendo na escola, o que assistem na televisão e os videogames, e sobretudo, hoje, o que veem na internet. Com carinho, e sem sufocar a liberdade, devem ensinar os valores cristãos aos filhos, mais do que vigiar onde estão. A formação moral, sexual, etc., deve ser da responsabilidade da família e não do Estado.

A tarefa dos pais inclui uma educação da vontade para viver as virtudes: humildade, desprendimento, pureza, bondade, autocontrole, serviço etc., e um desenvolvimento de hábitos bons e a tendência a sempre fazer o bem, sem atos de vingança e de maledicência. Os bons hábitos adquiridos em criança têm uma função positiva e geram comportamentos externos sadios e estáveis na vida adulta.

Mas, quando se propõe os valores, é preciso fazê-lo pouco a pouco, avançando segundo a idade e as situações concretas da vida familiar, sem pretender aplicar metodologias rígidas e imutáveis. A família deve ser um educandário de amor. Neste sentido, é indispensável fazer a criança e o adolescente entenderem que as más ações têm consequências negativas; que o mal gera o sofrimento. A família é a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade.

Na época atual, em que reina a ansiedade e a pressa tecnológica, uma tarefa importantíssima das famílias é educar para a capacidade de esperar, para a paciência, que será indispensável para enfrentar com serenidade os problemas da vida. No ambiente familiar, é possível também repensar os hábitos de consumo, cuidado com os bens que pertencem a todos, enfim, a importância da cidadania. Dom Bosco dizia que educar a criança é “formar bons cristãos e honestos cidadãos”.

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Educação sexual

Um ponto importante na educação dos filhós é a atenção especial que os pais devem dar à uma educação sexual positiva e prudente oferecida às crianças, na hora certa e de modo adequado. São João Paulo II disse que a educação sexual deve ser “educação para a castidade”. Aos poucos, deve-se ensinar os filhos o sentido belo do sexo, que deve ser vivido apenas no casamento, nunca antes ou fora dele.

A educação sexual oferece informação, mas sem esquecer que as crianças e os jovens ainda não alcançaram plena maturidade. Os casais que não conseguem ter seus filhos naturais, podem adotar filhos do coração num ato de amor. Isso faz lembrar o amor de Deus por nós: “Ainda que a tua mãe chegasse a esquecer-te, Eu nunca te esqueceria” (Is 49, 15).

Um ponto que a Exortação destaca é que as famílias devem ajudar outras famílias carentes de recursos humanos e espirituais. A família não deve se isolar das outras, mas se relacionar com as outras e ajudar as mais necessitadas. Se cada família bem constituída, assumisse a missão de ajudar uma família que passa por necessidades, muito se diminuiria as famílias sofredoras.

O documento do Papa destaca a importância das escolas católicas, que realizam uma função vital de ajuda aos pais no seu dever de educar os filhos para a sociedade e para Deus. Educar os filhos é uma tarefa grande e bela que Deus confiou aos pais e que eles devem exercer com alegria e dedicação.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino