No mundo do liberalismo, onde cada um faz o que quer, a família precisa reassumir a sua missão educadora. É preciso voltar a falar em limites e em disciplina, por mais antipático que isso possa parecer. Educação é um processo doloroso e lento. É um investimento a longo prazo. Os pais precisam retomar o leme da educação e tomar alguns cuidados básicos.
Os filhos precisam ser corrigidos, porém, nunca publicamente. A correção em público pode gerar humilhação e até mesmo vir a gestar traumas e complexos difíceis de serem superados. Além disso, não se pode corrigi-los com aspereza e agressividade. Agressividade gera temor, mas mata o amor e o respeito. Os pais precisam evitar todo espírito de crítica e indelicadeza com os filhos. Firmeza não exige indelicadeza.
A educação exige paciência e persistência
Quando for necessária uma intervenção mais severa, é preciso cuidar para não se deixar conduzir pela raiva. Deve-se evitar toda forma de correção enquanto se está irado. Na ira somos sempre injustos. Os filhos precisam conhecer seus limites e as razões desses limites. A educação exige paciência e persistência, exige também que os pais cumpram o que prometeram. A palavra tem um poder imensamente grande no campo da educação. Falar e não cumprir é semear dúvida no coração dos filhos.
É preciso semear a esperança no coração dos filhos. Um jovem sem sonhos deixa de ser jovem. A educação não pode destruir a capacidade de sonhar com um mundo novo. Por outro lado, a educação não pode provocar alienação. Quem vive só no mundo do futuro esquece o presente e se perde em divagações.
Os pais não devem dar tudo o que os filhos pedem. Mesmo quando podem, não devem. Muitas vezes, os filhos pedem somente para chamar a atenção sobre si mesmos ou para testar os pais. Outras vezes, pedem por compensações. O “não” é altamente pedagógico, especialmente quando coerente e honesto. O filho nunca pode pensar que manda nos pais. Aliás, o relacionamento de pais e filhos nunca pode ser de igual para igual. Filho é sempre filho, independentemente da idade e do poder aquisitivo. Marido e mulher são iguais e precisam se mostrar como tal. Filhos são diferentes e precisam saber que os pais têm um lugar de destaque em sua formação e educação.
O comportamento dos pais influencia a vida dos filhos
A diferença entre pais e filhos não significa que o filho nunca tenha razão e que os pais estejam sempre certos. Os pais precisam aprender a pedir favores aos filhos. Peça com firmeza e carinho. Um pedido, bem feito, tem muito mais peso do que uma ordem dada do jeito errado, na hora errada.
Outra coisa muito importante é saber achar a hora certa, especialmente quando se trata de corrigir o comportamento dos filhos. Nunca corrija na frente dos outros. A melhor hora para se falar com os filhos é quando se está sozinho com eles. Num clima de amor e ternura e, acima de tudo, com a coerência do exemplo. O testemunho arrasta.
Os filhos aprendem muito mais com aquilo que observam do que com aquilo que escutam de seus pais. Além disso, tem muito mais peso o que se escuta de alguém que amamos e admiramos. Filhos que admiram seus pais têm maior facilidade de colocar em prática suas ordens e seus ensinamentos. Evite toda gritaria.
Cada filho é único. Nunca compare o comportamento de um com as atitudes dos outros. Não compare também com filhos de amigos ou parentes. Ninguém gosta de ser comparado. Educar é trazer à tona o melhor que o outro tem.
Não faça tudo pelo filho. Não se deve carregar no colo quem já sabe andar. Colo é maravilhoso, na hora e do jeito certo. Fazer pelo filho acaba transformando-o numa pessoa fraca, insegura, medrosa e covarde.
Educação exige tempo
Nenhum pai e nenhuma mãe são obrigados a conhecer tudo. Pai e mãe não são infalíveis. Portanto, se tomar consciência de que errou, peça desculpas. Assuma suas limitações. Admita seus erros. Não tente ser um superpai ou uma supermãe. Seja você mesmo.
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Não tenha medo de demonstrar amor pelos filhos. Só quem se sabe amado aprende e admira. A certeza do amor gera segurança. Pouca coisa é mais agradável para os pais do que saber que o filho é alguém livre, seguro, autoconfiante, justo e honesto. E ninguém se torna nada disso de um dia para o outro, pois educação exige tempo.
Trecho extraído do livro “Famílias Restauradas”, do padre Léo, sjc