Aprendizado

Como preparar seu filho para lidar com a frustração

Num mundo de opções tão variadas, é possível prepararmos os nossos filhos para conviverem com essa diversidade? É possível dizer “não”  para aquilo que não é bom para eles e ensiná-los a conviver com a frustrações? Para respondermos a essas perguntas, precisamos, primeiro, entender o que é frustração. É um estado que vivenciamos quando algo nos impede de realizar nosso objeto de prazer. Na vida, sabemos que existem várias barreiras limitadoras – sejam elas sociais, psicológicas, físicas ou espirituais – e é bom que assim seja, pois elas nos impedem de termos comportamentos nocivos para nós e para os outros. A forma de lidar com isso gera satisfação ou insatisfação?

Durante toda a nossa vida, vivemos realidades permeadas de expectativas não atendidas, tais como a falta de pessoas e de sentimentos, os quais gostaríamos que elas tivessem ou não para conosco. Esses sentimentos podem despertar em nós emoções de raiva ou tristezas, que acabam se transformando em ira ou depressão, levando nossos filhos a pequenos ou grandes sofrimentos.

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Foto Ilustrativa: Pollyana Ventura by Getty Images

A  vida é uma academia para treinar e lidar com a frustração

A frustração pode atacar principalmente a autoestima dos nossos filhos e levá-los a fazerem escolhas erradas, tais como drogas ou relacionamentos complicados.

Como fazer para que as crianças aprendam a conviver e trabalhar essas frustrações inevitáveis? Esse é um grande dilema vivenciado diariamente por muitos pais.

A escola da vida é uma excelente academia para treinarmos desde pequenos, e colocarmos limites nos possibilita criar condicionamentos mentais, que vão nos propiciando amadurecimento e condições para lidarmos com frustrações maiores. Poder trabalhar preventivamente é um ponto importante para quem tem filhos pequenos.

Nesse ponto, temos vivido uma realidade preocupante. Como a vida profissional dos pais exige que estes fiquem muito tempo fora de casa, eles acabam atendendo aos desejos dos filhos (não deveriam) para acalmar o sentimento de culpa que sentem por causa da ausência.

Superar a frustração

A grande maioria dos pais, quando perguntados sobre o que mais querem para seus filhos, provavelmente responderão: que sejam felizes. Para isso, esforçam-se para oferecer às crianças as melhores condições, mas, muitas vezes, perdem a oportunidade de ensinar a simplicidade da felicidade. Temos de entender que dentro de cada um de nós existe uma pessoa fraca e uma forte. A pergunta que temos de nos fazer é: qual estamos alimentando mais em nossos filhos? Ensiná-los a lidar com as emoções e os sentimentos fazem parte do nosso papel de educador, a fim de que possam superar as frustrações que enfrentarão por toda a vida.

O primeiro aprendizado que focamos muito como sucesso é o que o mundo nos ensina, ou seja, criarmos condições, principalmente, no desenvolvimento do quociente intelectual, mas nos esquecemos do quociente emocional e espiritual, que é a nossa capacidade de lidar com as emoções diante dos desafios diários da vida. A capacidade de transcender, abrir mãos de necessidades atendidas no presente para uma vida futura melhor.

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A vocação dos pais é serem os primeiros educadores

O nosso papel é trabalhar as competências de nossos filhos, seus conhecimentos, suas habilidades e, principalmente, suas atitudes aos valores e às crenças que introjetamos neles a partir da forma como vemos o mundo. A escola pode ser parceira, mas os pais não podem terceirizar uma função que é inerente à sua vocação. E a vocação dos pais católicos é serem os primeiros educadores e catequistas de seus filhos.

O que podemos, então, fazer como pais para ajudar os filhos desde pequenos? Primeiro, buscar o autoconhecimento, pois quem se conhece tem mais possibilidade de se aceitar com foco na construção da autoconfiança. Pessoas que reconhecem suas qualidades e defeitos têm mais facilidade para trabalhar comportamentos inadequados sem se sentirem pessoas inadequadas. Isso permite que ela tenha coragem de mudar quando for preciso e aceitar aquilo que ela não pode mudar.

Caminho para ajudar a lidar com a frustração

Trabalhar a paciência para que eles aprendam a esperar, fazendo com que a frustração seja menos dolorida. O diálogo é fundamental para a criança aprender a partilhar seus sentimentos, e, quando falados, possam ser melhor trabalhados. Aprender a ser persistente, pois pouca coisa nós conseguimos sem que tenhamos de batalhar por elas.

A vida não é o que a televisão vende, mas algo conquistado passo a passo. Como diz São Paulo, precisamos combater o bom combate, sermos resilientes, ou seja, ter a capacidade de mudar de estado de acordo com algumas situações, controlar impulsos e aceitar as adversidades e as alegrias como parte da vida, porque o mundo não se restringe ao nosso umbigo, mas a uma coletividade.

Nada disso, porém, é possível sem que os pais se lembrem de que o comportamento dos filhos é modelado por seus exemplos, portanto, precisam ser os primeiros a reconhecer seus próprios sentimentos e lidar com suas frustrações diante da realidade da vida.

Lembrem-se: nossos filhos são como folhas em branco, nas quais podemos escrever nossas frustrações, nossos medos ou contribuir para o aprendizado de como lidar com as decepções e superá-las. Assim como em uma academia, temos de começar com exercícios leves até chegar aos mais exigentes, ou seja, ajudá-los a serem adultos maduros e felizes.

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