remédio

Rezar em línguas é avançar na fé

O remédio para a tentação de parar de rezar e para tantas outras questões é a fé. Se – e apenas “se” – permitirmos, os problemas e as dificuldades poderão abalar a nossa paz e ameaçar-nos com a sombra da derrota.

Pedras esperam por você durante todo o trajeto. Chute-as para fora do caminho se forem pequenas; sente-se sobre elas e espere, se forem grandes, até que se manifeste o auxílio divino e lhe sejam multiplicadas as forças da alma para removê-las.

A tentação não esqueceu você, nem cansou de arquitetar planos e de realizar investidas para o enganar, seduzir e destruir. Ela tenta vencê-lo pelo cansaço, colocando uma armadilha em cada esquina da sua vida. É importante parar um pouco, fazer os cálculos e verificar se você continua operante e em condições de travar combate. Note se há forças e armas corretas para lutar. Veja como está a sua .

Rezar em línguas é avançar na fé

Foto ilustrativa: Delmaine Donson by Getty Images

A importância de rezar em línguas

A fé é aquela carta na manga, a arma secreta guardada para o momento-chave. Ao utilizar esse trunfo no momento exato, qualquer um pode chegar à vitória. Basta querer. Não importa o tamanho do problema, nem a força do seu mal, desde que se tenha a coragem de expor o coração e mantê-lo no alto, bem acima da dúvida, diante dos olhos de Deus. É como rezamos na missa: “Corações ao alto!”.

A fé pode mudar nossa vida em qualquer momento, já que o Senhor é poderoso para transformar  qualquer derrota na mais esperada vitória. A fé anula a força do inimigo. Quando o diabo encontra uma pessoa que crê, ele dá um passo para trás antes de bater em retirada.

Quem crê não recua: avança sempre, na certeza de que Deus está no controle de tudo. Rezar em línguas é avançar na fé. Se não acreditarmos que Deus nos ama e está agindo em nosso favor, se não acreditarmos que Jesus vive e derrama o seu Espírito Santo sobre nosso coração com todos os seus dons, será que teremos coragem de pronunciar esses gemidos inefáveis? A oração em línguas pode parecer loucura para os homens cultos deste mundo, mas é sabedoria para Deus.

Leia mais:
.:Porque o Senhor virá
.:Santidade: como conciliar prudência e ousadia?
.:A fé nos coloca em ação
.:Como o jovem pode contribuir com a Igreja?

O que são esses gemidos inefáveis?

“Considerei a aflição do meu povo […], ouvi os seus gemidos e desci para livrá-los” (At 7, 34).

Há momentos em que não conseguimos dizer com palavras o que sentimos. Quando a dor é muito grande ou a alegria é imensa, não encontramos um modo adequado de expressar o que se passa em nossa alma. Então, acabamos por chorar, cantar, gritar, rir, gemer, para o coração não explodir.

Deus sempre vê quando choramos e quando o coração se rasga num gemido. Ele se apressa em socorrer, porque não se compraz com nossa perda e nosso sofrimento. Deus não quer ver a nossa ruína: após a tempestade, ele manda a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, ele derrama a alegria (cf. Tb 3,22). Muitas vezes, as lágrimas são um verdadeiro dom de Deus, por se tratar de lágrimas de penitência, de contrição, de arrependimento. Às vezes, são lágrimas de uma emoção que demonstra profundo amor por Deus e pelos irmãos; nesse caso, são também uma linguagem que vai além das palavras e, nesse sentido, se parecem com o falar ou com o orar em línguas.

O dom de línguas nasceu com a Igreja e da promessa de Jesus: “Estes milagres acompanharão os que crerem […] falarão novas línguas” (Mc 16,17). Por volta do século IV, São João Crisóstomo pensava que certos carismas, apesar de terem sido úteis no começo da Igreja, já não eram necessários, razão pela qual haviam desaparecido. O fato, porém, é que os dons extraordinários do Espírito Santo, os carismas, nunca cessaram totalmente. Os testemunhos são raros, talvez por fazerem parte da oração íntima de muitos santos, mas eles existem.

Santa Teresa d’Ávila, quando escreve sobre a alma que recebe graças extraordinárias de Deus, afirma: “Dizem-se muitas palavras em louvor de Deus, sem ordem, e, se o próprio Senhor não as ordena, pelo menos o entendimento de nada vale aqui. Quisera a alma erguer a voz em louvores; esta que não cabe em si, num delicioso desassossego. […] Oh! Valha-me Deus, como fica uma alma quando está assim! Toda ela quisera ser línguas para louvar o Senhor. Diz mil desatinos santos […]” (Livro da Vida, cap. 16).

Se por um lado o nosso coração tem um gemido que Deus não deixa de ouvir, por outro o Espírito Santo tem os seus próprios gemidos com os quais intercede por nós. Aquele que falou ao coração dos profetas fala, hoje, ao nosso coração: “Porei minhas palavras em sua boca” (Dt 18,18). Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Em nossa fraqueza, apenas gememos, mas gememos pelo poder de Deus. E o Senhor que nos ouve responde: “Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, levantar-me-ei para lhes
dar a salvação que desejam” (Sl 11,6). Se você tem sofrido e confiado em Deus, uma coisa é certa: Ele
vai atender você!

Trecho extraído do livro “A oração em línguas”, de Márcio Mendes

banner_espiritualidade