Pouco antes da festa de Pentecostes, uma frase bíblica me chamou a atenção. Era um trecho de uma carta de Paulo aos Efésios, em Atos 20,22: “E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá”. A expressão prisioneiro me incomodou um pouco… Se o Espírito nos torna livres, por que somos prisioneiros? Inquieto, olhei o original grego, e vi que se tratava de uma expressão do tipo “amarrado com correntes” (o que não me consolou muito).
Busquei outras traduções e li a expressão: “E agora, constrangido pelo Espírito”. Ora, o verbo constranger significa obrigar alguém a fazer algo (contra a sua vontade). Deixei o Espírito Santo me falar e, logo, pensei nos dias que antecederam Pentecostes. Jesus deu uma ordem aos apóstolos, uma obrigação: ficar em Jerusalém! Algo grandioso iria acontecer, e se eles fossem embora, não iriam viver a experiência de Pentecostes, que mudou para sempre a vida deles e a história de toda a humanidade.
Seja prisioneiro do Espírito!
É verdade, nem todas as obrigações são ruins e nem sempre temos a vontade de obedecer a Deus. Preferimos ser prisioneiros de nós mesmos e do mundo. Se queremos ser livres e se quisermos viver experiências que transformarão a minha vida e o mundo, precisamos ser prisioneiros do Espírito Santo, constrangidos a fazer aquilo que talvez não queiramos, mas que é necessário para que a graça de Deus cresça em mim e, através de mim, na vida de outras pessoas.
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Se os apóstolos não tivessem ficado em Jerusalém, já que vontade de ficar eles não tinham, com medo de serem assassinados, hoje, provavelmente não estaríamos aqui. Sejamos, então, prisioneiros do Espírito Santo, assim, nos tornaremos uma bênção para o mundo.