ETERNIDADE

Como juntar um tesouro no céu?

  1. É durante essa vida que se define a eternidade.

Um coração que é voltado para fora de si e para a necessidade do outro é altruísta e está juntando tesouros no céu.

Veja que a caridade para com o outro será eficaz, ainda que seja pelo interesse no céu, “pois ela apaga uma multidão de pecados”, e, no fim, serão dois bons motivos: o céu e o outro.

O amor praticado constantemente em vista do outro nos salvará de nós mesmos, do nosso egoísmo e mesquinhez, e então, no fim último, será tudo por amor e para o Amor.

Não sei se consegui ser clara, mas, de maneira simples, o amor perseverante é capaz de converter o nosso coração egoísta, fazendo dele um lugar de acolhida para o outro, para o próximo. Mas quem é esse próximo afinal?

Como ajuntar um tesouro no céu?

Foto ilustrativa: GeorgePeters by GettyImages

Ajuntar um tesouro no céu é missão de amor

Na Sagrada Escritura, bem como na catequese ou na educação recebida em casa e na escola etc., geralmente aprendemos a nos preocupar com o nosso próximo. Aprendemos que não estamos no centro do universo e que não podemos viver fechados em nós mesmos. Precisamos nos relacionar, cuidar uns dos outros, fazer amigos, importar-nos com os outros além de nós mesmos, aprendendo a respeitar e a estar atento às necessidades do próximo. A Língua Portuguesa apresenta essa palavra com duplo significado: Próximo, à pequena distância ou que se segue imediatamente, seguinte. E ambos os significados desse adjetivo servem para explicar, de maneira simples, quem é esse próximo.

De fato, o nosso próximo é aquele que está a uma curta distância ou de quem nos aproximamos. Por outro lado, sempre haverá um seguinte, um outro, um próximo, ou seja, sempre haverá alguém perto de nós ou de quem devemos nos aproximar. Não dá para alcançar o outro sem fazer-se próximo. Essa missão, por assim dizer, de cuidar, zelar, preocupar-se e respeitar será para vida inteira.

A mudança é consequência de estarmos “juntos no amor”

Penso que se puséssemos em prática tudo isso, o mundo seria bem melhor, a civilização do amor aconteceria de maneira natural, já como uma antecipação da eternidade aqui nesta terra. Papa Francisco diz: “Juntos no amor, nós cristãos podemos mudar o mundo, podemos mudar nós mesmos, porque Deus é Amor!”¹.

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A missão é conjunta!

Nisso temos uma pista valiosa de que juntar tesouros no céu não é missão que se deva realizar sozinho, até porque precisamos ir ao encontro de um outro, fazer-nos próximos a alguém para que o amor seja concreto, encarnado. Francisco segue dizendo: “O amor cristão é sempre «concreto», «O critério do amor cristão — afirmou o Pontífice — é a encarnação do verbo».” Um Deus que se fez próximo, um Deus que chegou perto. Jesus é o modelo mais que perfeito de como fazer-se próximo. E veja, quando eu me aproximo do outro eu também sou próximo.

No fim, o amor volta, pois, “é mais feliz quem o dá do que quem o recebe”. Eu diria que o nosso próprio amor só faz bem para nós mesmos se passar pelo outro. O outro é como um filtro que devolve o amor que recebeu somado ao seu próprio, e assim se compreende o “ciclo do amor”, como afirma São Paulo: “O amor jamais acabará”. Quanto mais eu dou, mais recebo e assim sucessivamente. E agora resta saber: quem será o próximo? Você ou eu?

Citações
1- https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-06/videomensagem-papa-francisco-john-17-movemente.html
2- https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2016/documents/papa-francesco-cotidie_20161111_carta-amor.html
3- Atos dos apóstolos 20,35
4- 1 Coríntios 13,8

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Carla Picolotto

Carla Picolotto é natural de São José das Missões (RS). Membro da Canção Nova desde 2009, Carla passou pelas missões de Lavrinhas (SP), Cachoeira Paulista (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Queluz (SP). Neste último, ela fez parte da equipe de Formação do discipulado. Atualmente, está na missão de São José dos Campos (SP).