Diante dos episódios bíblicos, muitas vezes, Jesus questionava os apóstolos e os mesmos se contradiziam em suas opiniões e ações. Hoje, deparo-me com a nossa capacidade de fazer um juízo das reações dos discípulos diante do Mestre de Nazaré.
Quantas vezes questionamos a demora dos apóstolos em entender que Jesus não era um Messias político! Ou a lentidão dos apóstolos em aderir aos propósitos do Mestre diante de tantos milagres! Milagres, estes, que revelavam que Aquele homem não era um simples profeta, mas Alguém além disso.
Tantos fatos, tantas situações e ocasiões que realmente “re+velavam” quem era Nosso Senhor e, ainda sim, segundo o nosso juízo, os discípulos não entendiam quem Ele era.
Junto com você, gostaria de lançar um olhar mais demorado sobre esses homens que conviveram bem de perto com o Senhor. Nós nos identificamos com cada um deles. Pedro, um homem sincero, mas muitas vezes medroso. Tiago, um homem firme. Bartolomeu, verdadeiro (como o próprio Cristo disse: “homem sem fingimento”). Mateus, um pecador que se arrependeu. Em cada um deles encontramos um pouco de nós. Assim como eles, também nós, apesar de conhecermos o Senhor e de, muitas vezes, já termos reconhecido a Sua presença em nossa vida e experimentado os Seus milagres, ainda não nos deixamos transformar por completo. Por quê?
Ao olharmos de maneira demorada para a relação de Jesus com os discípulos, percebemos a pedagogia que Ele teve com cada um, pois eles trilharam um caminho com o Mestre. Um caminho de sofrimento não só para Jesus, mas também para eles. Com certeza, foi sofrido largar o pouco que tinham, ou ainda o tudo que eles tinha para sonharem o sonho de Jesus. Era uma nova proposta de vida, uma maneira diferente de viver daquela que eles tinham aprendido desde sempre. Tudo o que Cristo fez e propôs a eles foi marcante e desafiador. Como deve ter sido difícil para eles ouvirem que, depois de três anos juntos, Jesus iria morrer pelas mãos dos fariseus e doutores da Lei. Nessa perspectiva, entendemos a atitude de Pedro em dizer que daria a vida por Jesus, mas que não O queria ver morto.
A bela notícia é que somos também assim, somos contraditórios. Ao mesmo tempo em que O defendemos com a nossa conduta ou com nossas ações, também O negamos. Mas isso é próprio daquele que tem a coragem de se colocar a caminho. O desconcertante em Jesus é que aquele que vive a condição da contradição, ou seja, o errar mesmo querendo acertar, é a esse que Ele se apresenta como Mestre, como Aquele que forma, que modela, que gera a vida nova.
Olhemos para os mesmos discípulos. Em fatos isolados, eles podem nos ter desapontado por causa de suas reações, mas é inegável que, após essa caminhada com o Mestre, verdadeiramente eles foram “trans+formados”. Assim acontece também conosco. Não olhe na sua vida os fatos isolados, quando você não foi feliz em suas ações. Tenha a coragem de “olhar devagar” e enxergar o caminho que você está fazendo. O Jesus que amou Pedro no momento em que o apóstolo viveu o seu martírio, foi o mesmo que amou o discípulo no momento em que ele negou o Mestre.
Tenha coragem. Arrisque-se na escola do Mestre de Nazaré, onde o maior desafio é não olhar para o nosso limite, mas sim enxergarmos no amor de Jesus a possibilidade do nosso crescimento.