Esperança ✨

O despertar espiritual: entre o céu e o coração

“Eu sei que o meu Redentor está vivo e que, por fim, se levantará sobre a terra” (Jó 19,25)

Poucas frases carregam tanta esperança como esta de Jó. Ele, que havia perdido tudo, manteve-se firme porque sabia: o Redentor estava vivo. Essa confiança atravessa os séculos e continua nos sustentando hoje.

Créditos: by Getty Images / Tinnakorn Jorruang.

A promessa da segunda vinda de Cristo é o fio que percorre toda a Escritura: desde o Éden, homens e mulheres da fé aguardam o Libertador que vem para restaurar todas as coisas.

Santa Hildegarda de Bingen e a espiritualidade cósmica

A espiritualidade cristã nos mostra que tudo está interligado. Santa Hildegarda de Bingen enxergava o mundo como uma grande sinfonia de Deus: o céu, os pássaros, a terra, os animais — todos participam das viriditas, a seiva viva que brota de Deus e sustenta a criação.

Ela dizia que somos o espelho do universo: dentro de nós, o céu e a terra se encontram. Mas quando nos afastamos de Deus, não só a alma se desorganiza, mas todo o cosmos sente esse desequilíbrio. Por isso Hildegarda nos convida a voltar às raízes, a reconhecer que tudo existe para refletir a glória divina.

Santa Teresa d’Ávila e o Batismo no Espírito Santo

Se Hildegarda nos ensina a olhar para o cosmos, Santa Teresa d’Ávila nos conduz a olhar para dentro. Nas Quartas Moradas, ela descreve os sentidos interiores como uma nascente de água viva que brota do mais íntimo da alma. É a oração que deixa de ser dever e se torna encontro; é o coração que se dilata; é a alma que se sente livre dos apegos e carências.

Esse movimento interior é o que hoje chamamos de Batismo no Espírito Santo: quando somos inundados pela presença viva de Deus. Padre Jonas Abib explica, no livro ‘Reinflama o carisma de Deus que há em ti’, que essa efusão não é um sacramento novo, mas a atualização da graça do Batismo e da Crisma. O Espírito reacende os carismas, a oração, a intimidade com Deus.

E os sinais são claros: brotam os frutos do Espírito — “amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si” (Gl 5,22-23 – Bíblia de Jerusalém).

Esperança na dor: quando o Espírito consola

Na minha própria história, especialmente com a morte do meu pai, descobri essa verdade. No início, parecia que meu mundo havia desabado. Mas o Espírito Santo transformou minha dor em um encontro real com Deus.

Foi aí que percebi: Teresa me ensinou a olhar para dentro, e Hildegarda me ensinou a olhar para o cosmos. Uma espiritualidade que une céu e coração, interior e exterior, oração e criação.

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O Redentor vivo e a nossa esperança

Assim como Jó proclamou com confiança: “Eu sei que o meu Redentor está vivo” (Jó 19,25), também nós somos chamadas a viver nessa certeza. A cruz não é o fim, mas a promessa de ressurreição.

É essa esperança que dá sentido à paciência nas aflições, à fidelidade nos desertos e à alegria em meio às lutas.

O Espírito e a Esposa dizem: Vem!

Toda essa experiência — a dor pessoal, o olhar místico de Teresa e Hildegarda, a descoberta do Espírito que consola e transforma — se entrelaça no meu novo livro: O Espírito e a Esposa dizem: Vem!, que será lançado em dezembro de 2025.

Neste livro, partilho como o Espírito Santo age em nossas dores mais profundas, abre uma nascente de vida nova dentro de nós e, ao mesmo tempo, nos faz perceber que toda a criação geme esperando a redenção (cf. Rm 8,22).

Um convite para viver como Esposa do Cordeiro, fiéis até o fim, com o coração dilatado e os olhos erguidos para o céu.

Graziele Rossi Lacquaneti
Missionária da Comunidade Canção Nova