A Santíssima Virgem Maria está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento, na figura da Mulher, da excelsa Filha de Sião.
A Bíblia e a Tradição da Igreja que, juntas, formam o único depósito da Revelação divina, mostram, de modo cada vez mais evidente, o papel da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, na economia da salvação da humanidade. Hoje, sabemos que “os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação, na qual se vai preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo”.
Os livros do Velho Testamento, lidos na Igreja e interpretados à luz da Tradição viva, evidenciam a figura de uma “Mulher”, a Mãe do Filho de Deus, especialmente, naquele que é chamado de “Protoevangelho”: “Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente (cf. Gn 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado”.
A Mulher e a descendência que esmagará a cabeça da serpente
Na maldição da serpente, encontramos não somente a figura da Mulher, que representa a Virgem Maria, mas também seu Filho Jesus Cristo: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). Os Padres da Igreja viram nesta passagem uma primeira promessa da encarnação do Verbo de Deus, da vinda do Salvador da humanidade, uma referência à descendência de Nossa Senhora, que esmagará a cabeça da serpente.
O Protoevangelho nos ajuda a compreender que o mistério da encarnação do Verbo de Deus, no seio da Virgem Maria, estava previsto desde o início: “Não houve na história um único instante sem Evangelho. No momento da queda começa também a promessa. Para os Padres [da Igreja], era também importante o fato de já nesse momento inicial o tema cristológico estar inseparavelmente ligado ao tema mariano”. Dessa forma, vemos que a primeira promessa da vinda do Filho de Deus ao mundo, decifrável somente através de uma iluminação posterior, é uma promessa à mulher, através da Mulher, da Virgem Mãe de Deus.
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A promessa da Virgem que conceberia o futuro Rei de Israel
Nossa Senhora é a Virgem, que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emanuel, que significa Deus está conosco: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). Maria Santíssima é aquela que gerará o futuro Rei do povo de Israel, que nascerá em Belém de Éfrata, conforme as palavras do profeta Miqueias:
“Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra” (Mq 5, 1-3).
Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4, 4), tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que Deus Todo-poderoso tinha dito através da profecia de Miqueias: “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco” (Mt 1, 22-23).
A Septuaginta, versão da Bíblia hebraica na língua grega, traduziu o termo hebraico “alma”, que significa “jovem”, da passagem da profecia de Isaías (cf. Is 7,14), pelo grego “parthenos”, que significa “virgem”. A Sagrada Tradição assim traduziu, porque “essa é a compreensão de Mateus ao falar da origem singular do Filho de Deus humanado”.
A Mulher e o cumprimento das promessas do Antigo Testamento
A Virgem de Nazaré é a excelsa Filha de Sião: “Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!” (Sf 3, 14). Nela se realiza a promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação, quando o Verbo de Deus recebeu de Nossa Senhora a natureza humana, a fim de, libertar o gênero humano do pecado através dos mistérios da Sua vida terrena.
Portanto, a Santíssima Virgem Maria se faz presente nas Sagradas Escrituras e no desígnio divino para a salvação da humanidade de modo único. Desde o momento da queda de Adão e Eva, nossos primeiros pais, a promessa do Senhor esteve presente (cf. Gn 3,15). O Messias, nosso Senhor Jesus Cristo, e a “Mulher”, a Virgem Maria, estão presentes de modo inseparável na economia da salvação do gênero humano. As Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja atestam que em Nossa Senhora se realizaram as promessas do Antigo Testamento. Pois, o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Santíssima e a força do Altíssimo a envolveu com sua sombra (cf. Lc 1, 35), e nela foi concebido Jesus Cristo, o Filho de Deus, prometido pelo Pai como Salvador da humanidade.