A quem devemos amar?

Você já teve dor de dente? Se teve, sabe como é terrível, como tudo parece doer ao mesmo tempo, a cabeça, as orelhas, os braços, as costas…
E uma topada, daquelas que nos fazem ver estrelas? Na hora, parece que todo nosso corpo trombou com um poste; depois, o pé inteiro fica sensível. (E é claro que é justamente naquele dedinho que vamos levar um pisão no dia seguinte…)

Por outro lado, como é bom quando estamos plenamente saudáveis!
Os joelhos e o coração agradecem por mantermos o peso adequado.
O fígado funciona que é uma maravilha, e assim ele não nos faz sentir aquela dor de cabeça insuportável que quem já teve uma ressaca sabe como é.
O intestino se torna um relógio, nos livrando das cólicas geradas pela prisão de ventre, que mais parecem uns nós que alguém está dando em cada centímetro cúbico da nossa barriga.
E por que estou dizendo tudo isso?
Porque Paulo escreve:

Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele (1Cor 12,26).

É fácil entender a imagem usada pelo apóstolo. Tornar isso uma realidade em nossas vidas é outro departamento… Mas não é impossível, sobretudo se nos espelhamos em Jesus.
E a quem devemos amar? Quem é esse membro que devemos tratar com carinho para que nós também não soframos?

Amar aos semelhantes é mais simples. São pessoas como você, que pensam mais ou menos da mesma forma, que têm as mesmas referências de vida, que são “certinhas”.
O problema começa quando nos damos conta de que não basta amar a nossos semelhantes, mas que temos de amar também nossos “diferentes”, pois Cristo morreu por todos e é a todos que devemos levar sua palavra.

E como levar sua palavra sem o maior testemunho de todos, que é o amor?
Cristão sem amor é membro atrofiado no corpo de Cristo.
Jesus nos diz para amar os inimigos, para socorrê-los e confortá-los quando necessário. Ele sabe que é aí que está o verdadeiro exercício da caridade.

Nosso amor deve se estender àqueles que não nos agradam, àqueles que ainda nem conhecemos. Devemos enxergar essas pessoas com os olhos de Cristo, que sabe que todos precisam de amor, de atenção, de acolhimento, de se sentirem queridos.

Se, de alguma maneira, formos capazes de compreender o amor maior, que se deu quando o Pai entregou o próprio Filho ao sacrifício – e, portanto, entregou também a Si mesmo – por causa de pessoas tão falhas, pecadoras, violentas, desonestas, incrédulas, gananciosas, que tramam intrigas, que prejudicam deliberadamente os outros, que são apegadas a tudo que há de mau neste mundo, assim como O entregou também por causa dos santos, dos fiéis, dos justos, dos caridosos… Enfim, se compreendermos o amor do Pai pelo bom e pelo mau, pelo santo e pelo pecador, então entenderemos que o amor é divino, porque vem de Deus, e unificador, porque Ele deve ser “tudo em todos” (1Cor 15,28).

.: Do livro: Se Deus é por nós