Se buscássemos Jesus como João...

Este era o conselho que João Evangelista, o discípulo amado, dava às pessoas ao final da sua vida. E, justamente, esta foi a Palavra que o Senhor me deu no ano de 2003. Mas, o que nos intriga é: por que será que alguém, que aprendeu tanto com Jesus e, que teria muito mais a nos contar e ensinar, só dizia estas palavras: “Amai-vos uns aos outros?” Porque o essencial é amar. A vida de João se resume nesta palavra: amor. Ele experimentou o amor de Jesus, amou e foi amado.

No mundo contemporâneo, vivemos a modernidade industrial, tecnológica e também ideológica. O homem moderno tem exercido a sua inteligência em grandes descobertas. Mas o seu egoísmo, sua auto-suficiência, prepotência, ambição, inveja, ciúmes; enfim, o pecado, tem afastado o ser humano de Deus, do essencial, do amor.

Ah… Se buscássemos Jesus como João! Certamente encontraríamos o sentido de nossa vida, pois mesmo com as limitações que João tinha, em sua necessidade de ser o primeiro, de ser reconhecido por Jesus, não deixou de viver o amor. João encontrou a chave para ser santo: “O amor cobre uma multidão de pecados”. Ele não tinha medo de amar e de demonstrar seu amor ao amigo Jesus. E Jesus, que é amor, derrama de sua essência aos discípulos. E assim, João, o amigo do Senhor, enche seu reservatório, não desperdiçando nenhuma gota deste precioso líquido, pois assumiu a Palavra que diz: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro”. (Eclo 6, 14)

Neste ano que se finda, eu tive a graça de aprender mais sobre a amizade e, também de ultrapassar as barreiras que nos impedem de cultivá-la. Partilhando minhas descobertas com um amigo, ele fez o seguinte comentário: “Como é importante ter amigo, pois a Palavra diz: ‘quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro’, e não: quem se fez amigo e encontrou um amigo, encontrou um tesouro”.
Muitas vezes, nós esperamos que o outro seja nosso amigo e que tenha gestos de carinho, para depois nos abrirmos àquela amizade. Mas, São João da Cruz nos ensina o oposto: “Onde não existe amor, coloque amor e receberás amor”.

Jesus amou seus amigos e como nos diz o Pe. João Mohana: “assumindo a natureza humana inteira, Jesus Cristo assumiu também a afetividade, infra-estrutura psicológica da amizade, tornando-a, deste modo, um padrão de valor para todo ser humano, homem ou mulher”.

João correspondeu ao amor e à amizade de Jesus, era um dos seus preferidos. Na última ceia, Jesus se declara amigo de todos, mas demonstrou tristeza, porque um deles o trairia. Judas foi amado por Jesus, recebeu Dele gestos de carinho, tanto que os apóstolos nem desconfiavam que seria o traidor, porém, Judas não foi amigo de Jesus, pois o amigo não denuncia.

Neste dia de São João Evangelista, o apóstolo do amor, peço sua intercessão, para que todos nós sejamos capacitados a amar e, assim, façamos a experiência da amizade com Jesus e com aqueles a quem Ele nos unir, afinal o que constrói a amizade é o amor.

Todos nós temos a necessidade de cultivar amizades. Ser amigo e ter amigos é uma das maiores expressões de amor. Por isso, a amizade está na essência da nossa vocação, já que nossa vocação é o amor.

São João Evangelista, ensina-nos a amar.