Prevenção da AIDS

A mensagem central da Igreja não é se se pode ou não utilizar o preservativo, declara o Cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Saúde, em resposta à impressão dada pelo debate da opinião pública em dias recentes.

Nesta entrevista concedida a Zenit, o purpurado mexicano, a quem João Paulo II encomendou o testemunho cristão no meio dos enfermos, em particular dos afetados pelo vírus HIV, marca a proposta pastoral da Igreja para prevenir e combater a aids, desde toda a amplitude de sua perspectiva.

-Dá a impressão de que, para os meios de comunicação, a única mensagem que pode oferecer a Igreja hoje é se se pode utilizar ou não o preservativo. É assim?

–Cardeal Lozano: Vamos abrindo o tema. Nós, especialmente neste Conselho Pontifício, temos a obrigação de lutar contra a aids, porque o Papa nos pôs para fazer frente pastoralmente às enfermidades emergentes. Como podemos fazer frente desde este Dicastério à aids?

A resposta é com os Mandamentos. Em particular, este desafio afeta dois mandamentos específicos: um é o quinto, «não matarás», que é um desdobrar dos dois primeiros: amar a Deus e amar o próximo. O outro mandamento é o sexto, «Não cometerás adultério».

Pelo mandamento «Não matarás» estamos obrigados a não matar ninguém, mas ao mesmo tempo a não deixar-nos matar, ou seja, a proteger nossa vida. Tanto é assim, que é doutrina tradicional da Igreja, que nunca mudou, que para defender a própria vida inocente se pode chegar inclusive a matar o agressor. Se o agressor tem o vírus Ebola, gripe ou aids e quer me matar, eu tenho de me defender. Se me quer matar com a aids, tenho de me defender da aids. Como me defendo? Com o meio mais apropriado. O que eu considere: é uma clava? Que seja com uma clava. É uma pistola? Que seja uma pistola? Com um preservativo? Se é eficaz para defender-me, sim, neste caso de injusta agressão.

–O que sugerem para a prevenção da aids?

–Cardeal Lozano: Há que ver quais são as maneiras de contrair a aids. São três: o sangue, a transmissão materno-filial e o sexo.

Pelo que se refere ao sangue, dizemos, «cuidado com as transfusões! Cuidado com as seringas da droga!».

Pelo que se refere à transmissão materno-filial, dizemos: «mamães, cuidado com a transmissão às crianças». Graças a Deus já há medicamentos eficazes. «Cuidado no parto! Cuidado na hora de amamentar os filhos, pois pode ser muito perigoso!».

Em terceiro lugar está o sexo, para o qual o remédio é a abstinência e a fidelidade. Por quê? Porque o sexo é a expressão mais sublime do amor que Deus nos deu. E significa o amor vital e a vida é a doação total. O que quer dizer que o sexo exige entre o homem e a mulher, que não fique nada restante para um terceiro. Portanto, o sexo realmente só pode viver-se no matrimônio único e permanente durante toda a vida. Para defender a preciosidade do sexo, Deus pôs um mandamento absoluto, enunciando em forma negativa: «Não cometerás adultério». Não disse «Não tenhas relações sexuais». As relações sexuais são precisamente a expressão maior do amor humano, que se leva a cabo no matrimônio. O celibato é ainda maior, mas se trata de um amor divino.

Seguindo estes dois mandamentos, «não matarás» e «não cometerás adultério», protege-se a vida. Como nos defendemos da aids? Protegendo a vida, em sua dignidade sexual e em sua agressão maliciosa. Se nos opomos a sua agressão maliciosa, se não rompemos a preciosidade desse cristal finíssimo que é o sexo, não contraímos a aids.

–De maneira que a Igreja não oferece receitas, mas que anuncia os dez mandamentos.

–Cardeal Lozano: Entendamos que nesse sentido estamos falando do centro do cristianismo, pois se trata de amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. O que conta é a abstinência, a fidelidade e «não matarás».

Fonte: (ZENIT.org)