Padre Marcelo Rossi: o espelho, o rico e o sábio

Uma das formas mais eficazes de falar sobre assuntos complexos é a linguagem figurativa ou simbólica. Ou seja, muitas vezes os assuntos mais difíceis se tornam de fácil compreensão se forem numa linguagem mais simples. Jesus fazia muito isto, através de Parábolas e comparações. Alguns fatos eram verdadeiros, outros não. Ele utilizava o cotidiano da vida. Um ouvinte enviou para mim um pequeno conto, um fato. Eu gostaria de partilhar com vocês esta pequena “história da vida”. Mais importante do que a sua veracidade é a lição de vida, o questionamento que ela traz.

Certa ocasião, um homem muito rico foi visitar um amigo, que era muito sábio. Muita gente procurava este sábio para obter conselhos e orientações para a vida. No diálogo, o homem sábio pediu ao homem rico que fosse até a janela e descrevesse tudo o que estava enxergando. O homem rico falou: vejo prédios, casas, automóveis, ruas.

O homem sábio insistiu: continue observando e me diga o que mais você está vendo. Vejo muitas pessoas caminhando, outras conversando. Quero que você olhe com mais atenção e tente me dizer que mais você está vendo. Vejo pessoas numa fila, parece que é o Posto de Saúde. Lá adiante vejo mendigos deitados na marquise de um prédio. Em frente da casa vejo pessoas procurando comida no cesto do lixo. Vejo crianças desnutridas, pedindo comida nos faróis; jovens com ar de drogados, idosos sofridos. O homem sábio falou: Muito bem, meu caro amigo. Conseguiste ver muita coisa. Agora toma este espelho, olha para ele e me diz o que estás enxergando.

O homem rico respondeu: ora, vejo tão somente a mim mesmo. Respondeu o homem rico: isto mesmo, o espelho é uma espécie de retrovisor, que tem uma camada opaca que impede a visão do que está atrás. Só vemos o que está na frente.

Assim é a nossa vida: muitas vezes nossos olhos (coração) ficam cobertos de por uma camada que impede de vermos o que acontece ao nosso redor. Não vemos a dor e o sofrimento de nossos semelhantes. Só vemos nossos problemas e nossas dificuldades.
A indiferença, a ganância, o individualismo, o comodismo e tantos ismos da vida nos impedem de ver, sentir e partilhar a dor de nossos irmãos. Muitas vezes somos tão “miseráveis” que não vemos outra coisa a não ser dinheiro. Pense nisto.

Que Deus o abençoe,