O amor é sinal do amor redentor de Jesus

3. Todos os sacramentos realizam a sua graça própria através de uma realidade sinal, rica de significado humano, através da qual o Espírito de Deus realiza uma nova significação, da ordem da plenitude da salvação. O significado sobrenatural é obra do Espírito; mas a significação humana da realidade sinal sugere-a: no batismo, a água purificadora e vivificadora, significa e realiza o nascimento para uma vida nova, participação na vida de Cristo ressuscitado.

No sacramento do matrimônio qual é a realidade sinal? É a própria realidade do amor conjugal. Tratando-se de uma comunhão de amor, nenhuma outra realidade poderia significar melhor a perfeita comunhão, na caridade, a que o Espírito Santo conduz os cristãos. E o amor conjugal é sinal do amor redentor de Jesus Cristo, na pluralidade das suas dimensões. Demos, ainda, a palavra ao Santo Padre: “O amor conjugal comporta uma totalidade na qual entram todas as componentes da pessoa: chamamento do corpo e do instinto, força do sentimento e da afetividade, aspiração do espírito e da vontade. O amor conjugal tem, por fim, uma unidade profundamente pessoal, aquela que, para além da união numa só carne, conduz a um só coração e a uma só alma” 4.

Sendo a própria realidade humana do casamento o sinal sacramental do matrimônio, os esposos cristãos, por força do seu batismo, celebram o sacramento, de que são ministros, ao ritmo da vivência da sua união conjugal, vivida na generosidade e na fidelidade. É um sacramento de celebração contínua, o que ajuda os esposos cristãos a dar à sua vida conjugal uma dimensão de celebração e de louvor. A sua vida torna-se liturgia. Voltemos a ler a “Familiaris Consortio”: “O matrimônio cristão, como todos os sacramentos que estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e a prestar culto a Deus é, em si mesmo, um ato litúrgico de louvor a Deus, em Jesus Cristo e na Igreja: celebrando-o, os esposos cristãos professam a sua gratidão a Deus pelo dom sublime que lhe foi dado de poder reviver na sua existência conjugal e familiar, o mesmo amor de Deus pelos homens e de Cristo pela sua esposa” 5.