Denúncias, investigações, excessos de discursos e bate-bocas; abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito, as CPIs, e seus legisladores inquisidores de depoentes convidados, sabatinadores de réus. São alguns dos ingredientes que fazem o nauseante cardápio da mídia nacional, que imprime uma avalanche de notícias nervosas sobre todos os envolvidos, o que só faz acentuar equivocadamente a convicção de cada cidadão acerca de suas verdades, especialmente quando se trata de política.
A pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, em que o povo terá, novamente, a oportunidade de escolher, além do presidente, governadores, senadores e deputados, o horizonte político está cinzento, apesar de alguns avanços positivos na detecção de irregularidades, e o tempo em Brasília nublado com as inúmeras delações e acusações entre os atores, que se projetam negativamente na superfície midiática, o que é profunda e tristemente lamentável.
Com tudo isso acontecendo, precisamos questionar o papel da imprensa neste processo, observando como os meios de comunicação noticiam tais temas.
Estamos mesmo bem informados acerca dos fatos e das ocorrências no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto?
Como cidadãos, por que muitos se acomodaram? Será omissão ou conivência?
Obviamente, sem a efetiva participação dos indivíduos e a necessária perseverança na busca pela verdade dos acontecimentos e a exigência de nossa parte com o bom uso do dinheiro público não há conquistas nem direitos!
Por que muitos afirmam que, infelizmente, as coisas são assim mesmo e, à menor dificuldade, não agem para transformar o mundo à sua volta?
Sob inúmeros escândalos, vergonhosamente proporcionados por aqueles em quem confiamos o voto para nos representar, a população brasileira se vê, de novo, às margens da verdade sobre as decisões políticas que ocorrem nos bastidores do Planalto, do parlamento na capital federal e em muitos palácios estaduais.
Em 2010, teremos de escolher candidatos para ocupar cargos que exigem preparo, bem como a perspicácia dos eleitores, sobretudo, queremos retidão de caráter daqueles que se propõem a ocupar um lugar no Executivo ou Legislativo. As eleições do próximo ano serão um duro teste que teremos (outra vez!) de enfrentar com coragem, sem desanimar!
O pensador Reitor Inge nos ensina que fazer o que está certo não é o problema; o problema é saber o que está certo. Definir exatamente o que é certo e errado nos dias atuais, em que a contradição humana torna-se cada vez mais evidente, é árdua e complexa tarefa destinada a nós, até mesmo para os especialistas. Entretanto, necessitamos repensar nossa vida, nossa realidade, para imprimirmos a ousadia e a audácia a fim de buscar as transformações que a sociedade almeja.
Durante toda a vida percorremos caminhos sinuosos e buscamos com todas as forças acertar nas nossas escolhas, visto que é preciso decidir para seguir e enfrentar os desafios que a caminhada nos oferece. Todavia, é preciso agir positivamente, a fim de promovermos transformações na estrutura sociopolítico-econômica em favor da solidez da democracia e o consequente resgate da eticidade e da moralidade no parlamento.
E não nos esqueçamos de cobrar a reforma política sobre a qual tanto se comenta e nada foi feito , que certamente vai oxigenar a mentalidade de nosso povo para a construção de uma nova realidade.
Que este tempo de tantas incertezas nos inspire vigorosamente a uma busca incansável pela edificação de uma política possível e viável, isto é, a um exercício pela equidade na política em que a prevalência ético-moral se manifeste positivamente nas pessoas, nos cidadãos de bem, para que as árvores não deixem secar suas folhas e as flores no futuro não murchem nem apodreçam.
E não citar Santo Agostinho quando afirma que o dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros seria omitir o bom exemplo de quem optou pela verdade e a quem todas as pessoas especialmente aqueles revestidos de poder e autoridade deveriam imitar.
Não basta escolher, é preciso exercer a cidadania em plenitude, participando com disposição para restaurar a consciência, quebrar a rigidez mental que alimenta o pessimismo, para exigir a ética na política e, consequentemente, em todos os demais segmentos institucionais.