Era um dia como outro qualquer de um fim de verão. As “águas de março”, como hoje, já começaram no fim de janeiro. Chuvas em dias quentes, clima muito abafado, pessoas calorentas que vão e vem… Dias de corrida para comprar o material escolar das crianças, IPVA, IPTU, ISS, INSS, cartão de crédito, cheques pré datados…
Além disso, tem o cansaço dos trabalhadores… Tem gente que já acorda, senta na cama e pensa:
– Meu Deus… Quando será que eu vou dormir de novo? Nesse corre-corre, o centro da cidade lotado. Gente de todos os lugares. Gente dos mais diversos tipos. De repente o “mendigo” vira para uma senhora bem vestida, com ares de quem poderá fazer alguma coisa e pede:
– Senhora! Por favor! Será que a senhora pode me arranjar um real e setenta centavos?
A mulher achou uma tremenda “cara de pau”!
– O “cara” vem pedir dinheiro e ainda pede um valor determinado… Qual é a desse “cara”? Que absurdo! E o “mendigo”, muito mais constrangido, além de sua própria situação humilhante, foi obrigado a ouvir a pergunta cheia de deboche:
– Para que o maltrapilho quer um real e setenta centavos tão exatos? Vai fazer algum investimento na Bolsa de Valores? O homem, quase sem voz de tanta vergonha, sem levantar os olhos diz:
– Preciso de um e setenta por que vou comprar um bolo de chocolate.
A mulher, já abismada pela audácia daquele homem infeliz, ficou mais indignada ainda! Pensou furiosa:
– Quer dizer que o “bonitão” quer comer bolo de chocolate! Que sem vergonha! Bolo de chocolate! Que absurdo! Por que você não pede um sorvete também?
– Senhora… Eu preciso de um bolo de chocolate…
– Precisa! Que abusado! Desde quando “mendigo” merece comer doce?
– É que hoje… Hoje é o meu aniversário…
Cada criança que nasce mostra o quanto Deus tem Esperança em nós e nesse mundo… Aquele homem só queria comemorar o dia de seu nascimento. E ninguém pode ser chamado de mendigo… Usei neste texto essa expressão… Muitos de nós usamos… Estamos acostumados com ela. O melhor é falar irmão, irmão de rua, irmão que precisa de mim, irmão que precisa de cada um de nós…
Grande parte desses irmãos não tem força para sair desta situação. Alguns já perderam até a lucidez e creio que todos, que todos precisam de muito mais que um pedaço de bolo. O que você pode fazer? “Então, por que não encontrei pessoa alguma quando vim? Por que ninguém respondeu ao meu apelo? Tenho eu a mão demasiado curta para libertar ou não tenho bastante força para salvar?” (Isaías 50,2)
Coragem!
Uma observação: essas pessoas precisam de atenção e também precisam de ajuda especializada. Seja colaborador de Obras Sociais.
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