Maria: Mãe da humanidade

Assume o tom de vigília natalícia a Liturgia do último domingo do advento. Acrescenta Miquéias uma particularidade às profecias messiânicas: indica-nos o lugar de nascimento do Messias em uma aldeia, pátria de Davi, de cuja descendência era esperado o Salvador. “E tu, Belém de Efrata, tão pequena entre as cidades de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel” (Mq 5,1). Na frase que segue “suas origens são antigas, desde os dias mais remotos” (ibidem), pode-se ver uma alusão às origens eternas e, portanto, à divindade do Messias. Tal é a interpretação de S. Mateus, que no seu Evangelho refere esta profecia como resposta dos sumos sacerdotes acerca do lugar de nascimento de Jesus (2,4-6).

Também como Isaías (7,14), fala Miquéias da Mãe do Messias -“dará à luz aquele que deve dar à luz” (Mq 5,2) – sem nomear o pai, deixando assim entrever, ao menos indiretamente, seu nascimento extraordinário. Apresenta enfim sua obra: salvará e reunirá “o resto” de Israel, guia-lo-á como pastor “com a força do Senhor”, estenderá seu domínio “até aos confins da terra” e trará a paz (ibidem, 2.3). É esboçada pela profecia de Miquéias a figura de Jesus, nascido humilde e desconhecido em Belém, contudo Filho de Deus, vindo a remir o “resto de Israel” e trazer salvação e paz a todos os homens.

A este quadro segue um outro mais interior – apresentado por S. Paulo – que põe em relevo as disposições do Filho de Deus no momento da sua encarnação: “Eis que venho… para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10,7). Não foram os antigos sacrifícios suficientes para expiar os pecados dos homens nem para prestar a Deus um culto digno dele. Então se oferece o Filho: assume o corpo que o Pai lhe preparou, nesse corpo nasce e vive no tempo, como vítima oferecida em sacrifício ininterrupto, que será consumado na Cruz. Único sacrifício agradável a Deus, capaz de redimir os homens e vindo a abolir todos os outros sacrifícios. “Eis que venho”: a obediência à vontade do Pai é o motivo profundo de toda a vida de Cristo, de Belém ao Gólgota e à Ressurreição. O Natal já está na linha da Páscoa; um e outra formam apenas dois momentos de um único holocausto dirigido à glória de Deus e à salvação da humanidade.

O “eis que venho” do Filho tem o mais perfeito eco no “eis aqui a serva do Senhor”, da Mãe. Também a vida de Maria é contínua oferta à vontade do Pai, realizada numa obediência guiada pela fé e inspirada pelo amor… “Por sua fé e obediência gera, na terra, o próprio Filho do Pai” (LG 63); por sua fé e obediência, logo após a mensagem do Anjo parte depressa para oferecer à prima Isabel seus préstimos de “escrava” dos homens, não menos que de Deus. E eis o grande serviço de Maria à humanidade: levar-lhe Cristo como o levou a Isabel.

Por meio da Vlrgem-Mãe, de fato, visita o Salvador a casa de Zacarias e enche-a do Espírito Santo, de tal modo que descobre Isabel o mistério cumprido em Maria, e João exulta no seio da mãe. Tudo isto aconteceu porque Maria acreditou na palavra de Deus e, crendo, ofereceu-se à vontade divina: “Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45). O exemplo de Maria ensina como pode uma simples criatura associar-se ao mistério de Cristo elevar Cristo ao mundo, mediante um “sim” continuamente repetido na fé e vivido na obediência amorosa à vontade de Deus.

Seu Irmão
Eduardo Rocha Quintella
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