"Eu sou a ressurreição e a vida"

A ressurreição de Jesus é um mistério, um fato de ordem sobrenatural, que se situa para além da experiência humana. Embora ultrapasse os nossos sentidos e vá além de nossa experiência, a ressurreição da Cristo é um acontecimento real, isto é, pode ser comprovado. É o ponto central da pregação dos Apóstolos, “as testemunhas designadas de antemão por Deus: a nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10, 41).

Cristo anunciou diversas vezes e de modos distintos que ressuscitaria (cf. Mc 8, 31; 9, 31; 10, 33-34). Jesus teve a delicadeza de preparar a Sua ressurreição, ressuscitando pessoas, afirmando: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11, 35).

Em sua peregrinação terrena, Jesus exprimiu muitas vezes, por gestos e palavras, a grande esperança da vida que viera oferecer a cada um de nós que cremos. “Todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (Jo 11, 26). O que seremos depois já o somos agora, ressuscitados na fé e na esperança. No batismo fomos sepultados com Cristo para nele ressuscitarmos para uma vida nova.

Quais “homens e mulheres pascais”, somos enviados a proclamar o Evangelho da vida com a força de Cristo ressuscitado. Aliás, a vida cristã é duelo radical entre a morte e a vida. Não fomos criados para a morte, mas para vivermos eternamente, pois “a glória de Deus é que o ser humano viva” (Santo Irineu). Devemos, portanto, instaurar uma “nova cultura da vida”, que seja fruto da cultura da verdade e do amor, (cf. EV, 77). Com sua ressurreição Cristo abriu definitivamente o caminho da vida. Ele, Vida que não morre, reabriu à esperança toda a existência humana.

Desde que Pedro, os discípulos, as piedosas mulheres, e “mais de quinhentos irmãos de uma vez” (1 Cor 15, 6) viram Cristo ressuscitado, somos convidados a viver na esperança da feliz ressurreição. Deixando o sepulcro do pecado e da morte, saindo para fora de nossos egoísmos e amarras comprometedoras, caminhemos livres ao encontro da vida que nos chama. Pela fé em Cristo podemos vencer a morte e participar de Sua Vida transfigurada. Em toda Eucaristia que celebramos comemos a nossa própria ressurreição.

Vamos, pois, com fome ao altar de Deus saciar nosso apetite de ressurreição e de vida nova. Transformemos a criação e a história numa “Terra sem Males”! Enfim, Senhor, ensinai-nos a crer no mistério fecundo da Semente que morre para dar a Vida. Assim, ressuscitados e em comunhão com Cristo, caminhamos para os braços do Pai.

Dom Nelson Westrupp
Bispo de São José dos Campos – SP
Fonte: www.diocese-sjc.org.br