Dom Teodoro: Quaresma é tempo de sobriedade

Iniciou-se na quarta-feira (13/02), o Tempo da Quaresma, que se destina a preparar a celebração da Páscoa. O primeiro dos atos deste tempo foi a bênção e a imposição das cinzas, feitas de ramos de oliveira ou de outras árvores, benzidos no Domingo de Ramos do ano anterior. Em todas as igrejas realizaram-se estas cerimônias, no decorrer da celebração da Eucaristia. Na Sé do Funchal, Dom Teodoro de Faria presidiu à concelebração eucarística, participada por um elevado número de pessoas.

O bispo funchalense começou a sua homilia referindo ‘que este sinal com que a Igreja inicia o tempo da quaresma, não é um sinal de morte, mas de reconhecimento da nossa vida, pois ao colocar as cinzas nas cabeças é dito arrependei-vos e acreditai no Evangelho. O arrependimento significa que na nossa vida entraram muitos atos de morte que estão transformados em cinza e que a nossa alma coberta com essa cinza não pode praticar obras de bondade e de caridade’. E acrescentou «o que a Igreja nos quer dizer com este gesto simples da imposição das cinzas, é que nós somos cinza que caiu, mas somos também cinza que vai ressuscitar. A Páscoa, sendo o símbolo da nossa fé, fala-nos principalmente de ressurreição.

Se dentro da nossa alma entrou, durante este período de tempo aquilo que nos fez desagradáveis a Deus, podemos com a conversão, novamente tornarmo-nos amigos de Deus.» No evangelho proclamado ontem, Jesus falava de três sinais da piedade judia e que são pilares fundamentais da espiritualidade cristã, e de um modo especial da espiritualidade da quaresma: o jejum, a oração e a esmola. Foi sobre estes três temas que Dom Teodoro de Faria fez uma breve reflexão, acentuando a necessidade de fazermos as boas obras em segredo para agradar a Deus, «porque o bem deve ser feito porque é bem e não para que os outros o vejam. Uma das grandes formas da espiritualidade da quaresma são os atos que devemos de fazer perante a majestade de Deus, que conhece as nossas intenções.»

Referiu que é quase normal que uma pessoa que dá uma grande oferta para os pobres ou para a Igreja deseje que ele seja do conhecimento geral. E a este propósito sublinhou que ‘há muitas pessoas que para se promover servem-se da Igreja, da oração e da caridade feita. Houve muita gente que se promoveu fazendo algum bem às crianças. Outros promovem-se fazendo bem aos emigrantes, mas o mais importante é que esses atos sejam feitos perante Deus, e não para que a humanidade veja‘. Dom Teodoro de Faria referiu-se ao fato de em muitas igrejas existirem placas a indicar o nome das pessoas que ofereceram alguns bens à Igreja. Considerou que essas pessoas foram levadas a se evidenciarem, não por má intenção, mas porque esta é uma forma muita humana de se olhar para as coisas de Deus. E acentuou ‘que não é essa a caminhada que Jesus nos propõe rumo a Páscoa‘.

A terminar a homilia, o prelado funchalense referiu-se à nota sua pastoral, para a quaresma, acentuando os pontos principais, entre eles o da sobriedade. A este propósito recordou que «estamos numa época de grande consumismo e é por causa dele que, dizem, que o nosso país está muito mal colocado, porque se gastou demais. Verificamos que a sobriedade está cada vez mais a desaparecer da nossa vida. Os pobres continuam a existir, mas a sobriedade como virtude não é apreciada nem apresentada, sucedendo-se os gastos desnecessários.» Concluiu afirmando que ‘o tempo da quaresma deve levar-nos à sobriedade em toda a nossa vida‘.

Fonte: Ecclesia