Bioética e eleições

Um dos pontos cruciais no momento de se escolher um candidato que mereça o voto dos cristãos nas próximas eleições será, sem dúvida, a questão da bioética. Certamente há muitos outros aspectos, que fazem parte da análise, que nós cidadãos e seguidores de Cristo devemos fazer ao selecionar os nossos candidatos, mas há certos princípios dos quais a coerência da fé não nos permite abrir mão. Sem dúvida, entre estes está o princípio da sacralidade da vida humana, criada à imagem e semelhança de Deus.

O que determina o voto dos cristãos é certamente a moral. E esta tem vários ramos. A moral familiar, a moral social, a moral biológica são alguns deles. Por exemplo, se eu tenho certeza de que alguém é ladrão, isto bastaria para não lhe conceder o meu voto, pois o voto é um atestado de honestidade que o cidadão dá a alguém para que aja em nome e em favor do povo. Se suspeito que alguém, sendo eleito, vá maquinar contra a Igreja, em consciência, não posso, por razões de fé, conceder-lhe o voto. Em questões de fé e moral não há como transigir.

Volto aqui a propor algumas reflexões sobre questões de bioética, com o único intuito de auxiliar no momento de exercer o direito de escolha dos futuros mandatários ou legisladores.

O termo bioética, com o amplo progresso da ciência médica dos últimos tempos, aparece nos dicionários a partir dos anos 70. Trata-se de estabelecer princípios éticos na manipulação de dados relacionados com a vida, sobretudo com a vida humana. A descoberta da composição das células, realizada pelo monge agostiniano Mendel, em meados do século XIX, possibilitou um enorme avanço da ciência, pois suas pesquisas revelaram como se transmitem os caracteres humanos de pais para filhos, através dos genes.

Mais recentemente, descobriu-se a ação das células-tronco. O uso de tais células no tratamento de várias doenças representará a solução para vários casos tidos antes como insolúveis. Porém há um grande problema: a busca de células-tronco em embriões humanos. Para aproveitá-las deve-se matar o embrião. Isto é imoral, pois o embrião é uma verdadeira pessoa desde o momento de sua concepção, segundo ensina a própria ciência.

A coisa se torna ainda mais grave quando se sabe que a criação de embriões humanos, em bancos de reserva genética, é um negócio imensamente lucrativo, embora escandalosamente desonesto. Na Alemanha, na Inglaterra, na França e em outros países, há hoje sociedades comerciais com o fim de tirar vultosos proveitos financeiros na venda de embriões humanos criados in vitro. Isto é extremamente imoral, é comercialização de seres humanos.

Porém, pode-se obter estas células em tecidos adultos, inclusive com melhor comportamento terapêutico que as embrionárias, uma vez que estas últimas são muito ativas, e quando transferidas acabam gerando tumores em lugar de curar doenças.

Outro problema gravíssimo, que compõe o tema da bioética, é a questão do aborto. Este ato será sempre um crime e um grave pecado. Estão no Congresso Brasileiro projetos de lei que pretendem descriminalizá-lo. Descriminalizar significa declarar que não será mais crime cometer um aborto voluntário. Por mais argumentos que arranjem os abortistas e os aborteiros, nunca terão condições de negar esta verdade: aborto é a eliminação violenta de uma ou mais vidas humanas.

Com o emprego de eufemismos tais, como interrupção da gravidez, direito da mulher sobre o seu corpo, e outros, vai se tentando, no Brasil, legalizar a prática hedionda do abortamento de seres humanos. Leve-se em conta que a criança gerada no seio materno não é parte do corpo da mãe, mas é outro ser humano distinto dela. Nenhuma mulher tem direito de assassinar ou causar a morte de seu filho.

Tratando-se de bioética, outros temas são hoje objeto de estudo e de preocupações como a eutanásia, anencéfalos, fecundação in vitro e outros. Eis aí alguns critérios que poderão iluminar as nossas consciências no momento das eleições.