As miragens do amor

O maior engano que existe hoje sobre o amor, é que na maioria das vezes, quando alguém fala que está amando, na verdade está amando a si mesmo. Isto não é amor, é egoísmo. Há muitas “miragens” do amor.

Se o seu coração bate acelerado diante de alguém que o atrai, isto é sensibilidade, não chame ainda de amor. Se você perdeu o controle e se entregou a ele, isto é fraqueza, não chame isto ainda de amor. Se você está encantada com a cultura dele, fascinada pela sua bela carreira, e já não consegue mais ficar sem a conversa dele, isto é admiração, ainda não é amor. Mesmo que você esteja até as lágrimas, diante de um fato chocante, isto é mais sensibilidade do que amor.

Amar não é “ser fisgado” por alguém, “possuir” alguém, ou Ter afeição sensível por ele, ou mesmo render-se a alguém. Amar é, livre e conscientemente, dar-se a alguém para completá-lo e construí-lo. E isto é mais do que um impulso sensível do coração, é uma decisão da razão. Por isso, amar é um longo aprendizado, não é uma aventura como a maioria pensa.

Não se aprende a amar trocando a cada dia de parceiro, mas aprendendo a respeitar o mesmo, tanto no corpo como na alma. Amar é uma decisão. E a decisão não é tomada apenas com o coração, empurrado pela sensibilidade. A decisão é tomada com a razão. Amar não é um ato intuitivo, mecânico, é uma decisão livre e consciente. É um ato da vontade, do querer.

Para amar é preciso aceitar “ perder-se” , esquecer-se, não voltar a si mesmo. É claro que a sensibilidade ajuda a sair de si mesmo, mas ela não é suficiente para levá-lo a amar. A admiração pelo outro, a afeição, empurram você para ele, mas isto ainda não é amor. Lembre-se, o amor é como uma via de mão única, que sai de você e vai até o outro. Esta é a verdadeira avenida do amor. É preciso estar sempre atento para não andar na contramão nesta avenida. Isto ocorre quando você está pensado só em você mesmo, se apossando das coisas ou da pessoa do outro, para satisfazer-se.

São João Bosco, o grande educador dos jovens, ensinava-lhes que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. É o sentido da vida. É o amor! Não existe outra maneira de ser verdadeiramente feliz. A felicidade verdadeira se constrói quando fazemos o outro feliz; quando amamos. Ela é o prêmio da virtude. E a virtude que gera o verdadeiro amor é a renúncia a si mesmo.

Quando você agarra um objeto ou uma pessoa só para você, o amor morre em suas mãos; pois o apego é o oposto do amor. Você precisa Ter a coragem de examinar a autenticidade do seu amor.

Quando quisermos saber se estamos amando de fato, façamos então estas perguntas para nós mesmos: estou me renunciando? Estou esquecendo-me? Estou dando-me?
Se a resposta for afirmativa, esteja certo da presença do amor em sua vida.
Muito mais do que dar coisas, presentes, abraços, beijos, amar é dar de si mesmo, integralmente, desinteressadamente. Você precisa desenvolver bem os seus talentos exatamente para que possa dá-los aos outros e servi-los melhor.

Quando amamos de verdade, nos tornamos livres de fato, pois o amor nos liberta de nós mesmos e das coisas que nos amarram. O seu egoísmo é o seu tirano! É claro que amar não é fácil. É fácil viver as caricaturas do amor, mas o autêntico amor é exigente.

A autenticidade do amor se verifica pela cruz. Todo amor verdadeiro traz o sinal do sacrifício. E é através desse sinal que você identifica o verdadeiro amor e o falso. Não há amor sem renúncia.