🕊️FÉ

Protomártires da Igreja de Roma: testemunho para a glória de Deus 

Protomártires: crescermos em nossa espiritualidade pessoal 

No dia 30 de junho, celebramos a memória litúrgica facultativa dos “protomártires da Igreja de Roma”. Naturalmente, irradiando do Altar do Senhor, uma oportunidade para crescermos em nossa espiritualidade pessoal e em nosso testemunho no mundo!

Crédito: Terroa / GettyImages

A história da Igreja em todos os tempos é marcada por perseguições aos cristãos: “a fé é provada” (cf. 1Pd 1,6-7) e “gera perseverança” (cf. Tg 1,3). Das perseguições físicas onde se intentava dizimar os cristãos nos primeiros séculos se passou às perseguições veladas, muito semelhantes àquelas que se revestem hoje de um aparato político, cultural e religioso, ou mesmo de intolerância aqueles que seguindo fielmente o mandato do Senhor são “fermento no meio da massa” (cf. Mt 13,33), são “sal e luz do mundo!” (cf. Mt 5,13-14).

Os mártires são luzeiros no Cristianismo

Os mártires, sem sombra de dúvidas, são luzeiros no Cristianismo! Suas vidas e sua fidelidade estão radicadas na vida e no Mistério Pascal de Nosso Senhor! Por isso os mártires de ontem e de hoje, os primeiros e os atuais, cujo sangue derramam por amor e confiança ao Reino de Deus, são sempre inspirações para todo aquele que quer seguir Jesus Cristo mais de perto e, principalmente, àqueles que querem dar passos significativos no caminho de uma fé vivida de forma autêntica, àqueles que sonham e buscam a santidade de Deus!

O mártir reúne em si muitas virtudes que iluminam a Igreja, virtudes que expressam o depositum fidei do qual nenhum batizado-crismado deve se afastar. Estas virtudes colaboram, inclusive, para um aprimoramento de todas as práticas pastorais, e reconfiguram urgências, prioridades e a presença da Igreja no mundo como lumen Christi!

Leia mais:
.:Os primeiros mártires de Roma
.:Qual a espiritualidade que Roma oferece

Uma fonte de inspiração de virtudes para todas as gerações

Os mártires formam um grande “testemunho para a glória de Deus e são uma fonte de inspiração de virtudes para todas as gerações”: primeiro, porque são homens e mulheres onde o medo não os paralisou, não os intimidou, ao contrário, depois da experiência pessoal com o Senhor, veio o cultivo de uma verdadeira amizade espiritual e a intimidade com as coisas sagradas.

Por isso a fé, quando vivida no amor a Deus e na coragem, se expressa na perseverança, na determinação, nas renúncias, na entrega, na confiança divina que faz da vida diária um “culto espiritual: sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1), superando impulsos e tendências da fragilidade humana. É assim que os mártires testemunham a glória de Deus: no amor se entregam; na coragem perseveram; na fé confiam; na perseguição se ofertam!

Os primeiros mártires da Igreja nascente (protomártires), sobretudo aqueles do conhecido “incêndio de Roma” no dia 19 de julho do ano 64, narrados pelo historiador romano Tácito, que descreve o fogo consumindo por quase sete dias as ruas dos bairros populares da Cidade Eterna, dos montes Palatino e Célio, e destruindo quase toda a cidade. Uma calúnia que reunia desprezo, ambição, injustiças e as maiores atrocidades feitas por mãos humanas nos inícios da história da Igreja de Cristo.

As primeiras perseguições

Entre as crueldades feitas aos cristãos, nesta primeira perseguição desvelada, estavam: torturar e decapitar ou crucificar as vítimas inocentes em espetáculos no Circo de Nero; cristãos eram revestidos de peles de animais para serem perseguidos e dilacerados pelos cães; mulheres eram arremessadas ao ar pelas brutais chifradas de touros; atentados à virgindade das mulheres; nos postes do parque, cristãos eram amarrados tendo seus corpos besuntados de resina e gorduras, e sobre eles eram ateado o fogo para que servissem como tochas humanas.

Ao relermos estes relatos, e termos contato com os escritos de São Clemente Romano (sec. I-II), Eusébio de Cesareia (ca. 265-339), com as Atas dos mártires … constatamos o que é capaz de fazer um homem onde no seu coração domina o poder, a ganância, o medo; o que é capaz de fazer um sistema, um regime político de governo para aniquilar a verdade, para incriminar e perseguir os cristãos.

Oferecer o nosso culto espiritual a Deus através do nosso testemunho

O coração dos mártires e dos protomártires da Igreja de Roma é um coração onde domina o amor, o ardor da fé e a certeza da verdade.  Assim, São Clemente Romano (Clemente I) descreve que estes protomártires foram “vítimas da inveja e dos ciúmes e lutaram até a morte!”.

Contemplando o testemunho destes homens e mulheres de vidas santas e tendo presente que na fé cristã, segundo S. Tomás de Aquino, contemplata aliis tradere (“contemplar é transmitir aos outros o fruto da nossa contemplação”) comuniquemos com o nosso estilo de vida, com a nossa forma de viver, com as nossas escolhas a nossa fidelidade ao Senhor.

Aprendamos com os protomártires da Igreja de Roma a oferecer o nosso culto espiritual a Deus através do nosso testemunho em família, na comunidade, nas escolas e universidades, nos espaços públicos e na intimidade dos nossos corações, pois “o Senhor está sempre com aqueles que o amam e o buscam!” (cf. Sl 145,18; Jo 14,23).

Pe. Maxsuel da Rosa Mendonça, Diocese de Criciúma, SC
Doutorando em Direito Canônico, Pontificia Universidade Lateranense e Mestrando em Liturgia pela Universidade Pontifícia Santo Anselmo – Roma