Viúva temente a Deus

O exemplo de Judite mostra como Deus age na fragilidade

“Ouvi-me, chefes dos habitantes de Betúlia! Não é correta a palavra que pronunciastes ante o povo neste dia, quando firmastes um juramento, pronunciado entre Deus e vós, comprometendo-vos a entregar a cidade aos nossos inimigos…” (cf. Jt 8,11)

Judite era uma viúva temente a Deus, que morava em Betúlia, de boa aparência e estimada por todos. Essa cidade foi sitiada pelos assírios, comprometendo o abastecimento de água e colocando em risco a vida das pessoas. Ela simboliza a fragilidade dos judeus diante dos inimigos.

A viúva era considerada frágil, mas, guiada por Deus, pôde fazer coisas grandiosas. Podemos refletir que a fé de Judite tinha raízes profundas, pois, diante do sofrimento, ouviu e seguiu a lei do Senhor. O contrário fizeram os judeus fortes – por não temerem a Deus, temiam o inimigo, ou seja, possuíam uma fé sem raízes.

Por que a fé de Judite tinha raízes fortes?

Segundo a Palavra, porque ela vivia recolhida em intimidade com Deus e fortaleceu sua fé com orações, penitências e jejuns (cf. Jt 8,5-8). Era uma mulher temente a Deus, por isso respondeu de maneira diferente àquela ameaça. O governador decide entregar a cidade para os inimigos, mas Judite não concorda e pede aos anciãos que relembrem ao povo tudo que Deus já tinha feito por eles.

O exemplo de Judite mostra como Deus age na fragilidade

Foto Ilustrativa: AugustineChang by GettyImages/ cancaonova.com

O que muda esse momento na história do povo é a fé de Judite, a sabedoria em elaborar um plano e a coragem de executá-lo. O previsto era entrar no campo inimigo sem armas, seduzir o general Holofernes e matá-lo, para desmobilizar o exército persa.

Constatamos que a atitude segura e corajosa dessa judia está baseada na confiança no Senhor. Quão brava e corajosa ela foi! Somente alguém destemida como ela poderia entrar no acampamento do inimigo e ficar até o momento de dar um golpe certeiro! Assim ela fez, e o abateu. Enfrentou-o sem medo, mesmo sem possuir experiência em guerras.

Ela conseguiu o que outros exércitos não conseguiram, pois o Senhor operou maravilhas, dando êxito à sua missão. Seus caminhos foram preparados de acordo com a providência divina.

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O mundo feminino é povoado por dois universos distintos, o da mulher lutadora e o da romântica. Judite nos mostra a fusão desses dois mundos. Ao mesmo tempo em que a Bíblia a retrata como uma viúva temente a Deus que reina somente na sua casa, diz também que ela vai à luta quando percebe que o seu povo está em risco.

Ela troca sua roupa feminina pelo uniforme de guerra, assim como as mulheres de hoje deixaram seu papel de donas de casa, para ocupar espaços em várias áreas públicas ou privadas que antes eram de domínio masculino.

Essa luta, porém, não tem sido fácil. O preço a ser pago é alto, pois, além de vencer no mundo masculino, a mulher precisa dar conta da rotina do lar. Ser mãe e profissional, às vezes, provoca paradoxos, e conciliar esses dois mundos tem sido o desafio feminino atual.

As famílias possuem vários inimigos internos, tais como brigas, ciúmes, ambição e dependências; e inimigos externos, como a mídia, crenças falsas, doenças e atrativos para criar dependência física e emocional. Para muitas pessoas, isso são barreiras intransponíveis; porém, quem crê sabe que tudo é possível para Deus.

Deus nos torna gigantes

Muitas vezes, o cansaço da luta chega às famílias, mas a mãe lutadora descobre forças que nem ela sabe de onde vêm. Ela sabe que precisa proteger os seus, mesmo quando os homens já desistiram da luta. Mães, não desistam de seus filhos! Busquem forças em Deus, pois n’Ele o apoio é inesgotável!

Vemos essas situações se repetirem nos lares. Mães frágeis que se transformam em gigantes pela força da oração. Que Deus faça brotar essa coragem em nós; que nos lembremos de Judite quando estivermos diante de um problema grande. Que voltemos o nosso olhar só para o Senhor e sigamos em frente!

Aprendamos com essa personagem que nenhum inimigo é mais forte que o nosso Deus. Quando o mundo enxerga um problema como impossível, ou se a própria pessoa já tiver lutado e fracassado, o caminho é dobrar os joelhos e pedir sabedoria e discernimento para planejar as ações segundo a vontade de Deus.

Angela Abdo

Trecho extraído do livro “Ser Mulher à Luz da Bíblia”