Recentemente, um artigo publicado na edição on-line da revista Science tentou responder quantas informações há dando voltas ao mundo. O número é algo impressionante: 295 exabyte, ou seja, “315 vezes todos os grãos de areia da face da Terra”, segundo os cálculos de uma agência de notícias.
Um outro dado interessante é que quase todas essas informações são frutos da era digital e estão armazenadas em servidores ou na nossa troca de informações por intermédio de aparelhos tecnológicos, como celulares, aparelhos de GPS e televisores.
Quando se trata de internet, temos de estar com o coração em Deus para que, por meio da rede, possamos pregar Jesus
Duas perguntas me vieram ao pensamento: “Como contaram os grãos de areia da face da Terra?” e “Para onde caminha a humanidade com tantas palavras?”.
De fato, estamos na era da informação, sendo plasmados pela cultura “high-tech”, pelo sistema “very fast” (muito rápido). Comemos rápido, andamos apressados, trabalhamos de modo ligeiro, convivemos pouco, vivemos estressados — sinta-se livre para colocar mais sinônimos.
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Talvez, o perigo maior não esteja na quantidade ou na velocidade da informação em si, mas na seleção das verdadeiras palavras, no discernimento do que estou recebendo, porque o receptor de todos esses “bytes” é o homem.
Cultura digital
Em nossa cultura digital, nem tudo o que transborda é verdadeiramente uma palavra que preencha o coração do homem. Uma prova disso é que temos 5 mil “amigos” ou seguidores nos nossos perfis de redes sociais, e quando deitamos a cabeça no travesseiro, parece que a solidão também faz parte do nosso grupo de “followers” (seguidores). Talvez, se fizessem uma pesquisa, constatassem que o aumento de palavras (informações) no mundo também é proporcional ao aumento do vazio interior do homem, pois “[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1,9-11)
Sim, estamos sedentos de ouvir Deus falar. No fundo do coração e de sua consciência, o ser humano quer Deus e O procura, mas “como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” (Rom 10,14).
Reflita Jesus na web
Eis aqui o desafio que nos é proposto por Bento XVI: mostrar o Rosto de Cristo nesta cultura digital. Teclar o que está contido num coração conquistado por Jesus, mostrar que o pedido da humanidade ainda está contido na prece que fazemos em cada Eucaristia: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo”.
Em meio a “exabytes” de vozes, guardemos “A Palavra” e fiquemos com Jesus Cristo, para que o mundo seja salvo. Basta o Verbo, o Filho de Deus, revelado a nós e transbordado por nosso intermédio para que também essa cultura “high-tech” sinta o suave “perfume de Cristo” (cf. II Cor 2, 15).
Essa é a profecia que devemos levar ao mundo digital, pois se a boca fala do que está cheio o coração, os dedos teclam o que também está nele.
“Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós” (Atos 17, 27).
Convido você para atender o apelo de Bento XVI no mundo digital. Vamos fazer uma “Revolução Jesus” na internet e ecoar a Palavra de Deus que diz: “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (Ef 5, 14).