ID

Qual é a finalidade de inserir a ideologia de gênero nas escolas?

Ideologia de gênero

Padre José Rafael Solano Durán, Doutor em Teologia Moral, especialista em Bioética, Assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB e Pós-doutorado em Teologia Moral e Família pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, em seu livro sobre a Ideologia de Gênero (ID), Editora Canção Nova, explica as origens da ideologia de gênero e a agenda montada, com diversos passos, para instaurá-la na mentalidade e cultura das pessoas.

Tudo começou, em 1885, com o trabalho desenvolvido por Lewis Henry Morgan e continuado por Frederich Engels. O objetivo foi colocar em questão o valor da família como estrutura privada e capaz de formar a consciência da pessoa. Eles criaram um modelo no qual as pessoas, dentro da família, não tivessem nenhum tipo de relação. “Eliminando as relações familiares, destrói-se o conceito de pessoa”, disse padre Solano.

-Qual-é-a-finalidade-de-inserir-a-ideologia-de-gênero-nas-escolas-Foto: lisegagne

O segundo passo foi dado. Em 1968, Robert Stoller colocou a necessidade de fortalecer o conceito e a definição do termo gênero em lugar de sexo. Segundo Stoller, utilizar o termo sexo masculino e feminino constituía uma seria problemática para a identidade sexual do próprio indivíduo. Em 1975, Elisabeth Clarke e Simone de Beauvoir deram um grande impulso à ID. Desde 1999, iniciou-se um quarto momento, aquele no qual nos encontramos, e fortaleceu-se o processo educativo que países como Holanda, Bélgica e Suécia iniciavam a viver.

Qual é o objetivo?

Diz padre Solano que “o objetivo agora é criar um “sistema educativo”, pedagógico, dentro do qual um dos passos seja permitir que a pessoa não se sinta reconhecida na sua natureza; que simplesmente, com o passar do tempo, ela mesma possa descobrir qual é o seu estado natural e, assim mesmo, “decidir” se é homem ou mulher. Essa suposta decisão vem acompanhada de um aniquilamento da pessoa, substituindo-a por alguém sem identidade”.

Segundo o especialista, há ainda outros passos a serem cumpridos: a desconstrução do significado do termo pessoa e individuo; eliminada a pessoa, eliminam-se suas relações e seus efeitos, dando margem ao chamado “poliamor”, onde as pessoas podem estabelecer matrimônios ou uniões de fato, mas sempre abertas a outros tipos de relações. O último dos itens dessa agenda é eliminar todo tipo de relação com a religião e com Deus, o que equivale a implantar o ateísmo.

Então, como mostra doutor Solano, estamos na fase da implantação da ID nas escolas, de modo a formar gerações com a cultura da Ideologia de Gênero. Cabe aqui dizer que o assunto é tão grave, por ser destruidor da pessoa, da família e da religião, que o Papa Francisco já condenou, pelo menos cinco vezes, a ID.

O site da ACI Digital (02/12/2016) apresentou essas condenações do Papa*, que resumo aqui:

1 – É uma colonização ideológica

Dirigindo-se aos bispos da Polônia, afirmou que, “na Europa, na América, na América Latina, na África e em alguns países da Ásia há verdadeiras colonizações ideológicas. E uma dessas – digo claramente com nome e sobrenome – é a ideologia de gênero!”. “Hoje, ensinam as crianças – as crianças! – que estão na escola: cada um pode escolher o seu sexo. Por que ensinam isso? Porque os livros são das pessoas e instituições que lhes dão dinheiro. São as colonizações ideológicas, sustentadas também por países muito influentes. Isso é terrível!”.

2 – Esvazia o fundamento antropológico da família

Na exortação apostólica Amoris Laetitia, o Santo Padre explica, no parágrafo 56, que a ideologia de gênero “prevê uma sociedade sem diferenças de sexo, e esvazia a base antropológica da família”. “Essa ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre homem e mulher”.

3 – É um equívoco da mente humana

“E há também esse erro da mente humana, que é a teoria de gênero, que cria tanta confusão”.

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4 – É um passo atrás

Em abril de 2015, em sua Catequese sobre o ser humano criado por Deus como homem e mulher, disse: “… pergunto-me se a chamada Ideologia de Gênero não seja expressão de uma frustração e de uma resignação, que visa cancelar a diferença sexual, porque não sabe mais como lidar com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. A remoção da diferença, na verdade, é o problema, não a solução”.

5 – Doutrinar crianças com ideologia de gênero é uma maldade

Na coletiva de imprensa que ofereceu na volta de sua viagem de Azerbaijão a Roma, o Papa falou sobre “a maldade que se faz hoje com a doutrinação da ideologia de gênero”. O Papa disse: “Um pai francês me contou que falava, à mesa, com os filhos e perguntou ao menino de 10 anos: “O que quer ser quando crescer?”. “Uma menina”, respondeu a criança. O pai notou que o livro da escola ensinava a Ideologia de Gênero, e isso vai contra as coisas naturais. Uma coisa é a pessoa ter essa tendência, essa opção, e também quem muda de sexo. Outra coisa é ensinar nas escolas essa linha para mudar a mentalidade. Isso eu chamo de colonização ideológica”.

Pelo que foi exposto acima, fica claro que o passo atual da implantação da Ideologia de Gênero é criar uma geração com essa mentalidade, por isso, se insere a ID nas escolas. É importante lembrar que o Congresso Nacional não aprovou sua presença no Plano Nacional de Educação.

* Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/5-advertencias- do-papa-francisco-sobre- a-ideologia- de-genero- 48028/


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino