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Como viver a virtude da esperança em meio à pandemia

Não há hoje quem não esteja sendo bombardeado com notícias a respeito do coronavírus, especialmente pelo WhatsApp. Um amigo envia um link informando quantas pessoas morreram ontem na Itália, e isso me entristece. No grupo do trabalho, alguém envia a notícia de que descobriram, nos EUA, um medicamento que se mostrou eficiente no combate ao Coronavírus, e isso me deixa feliz. Logo em seguida, contudo, alguém no próprio grupo explica que nem devo me animar porque esse remédio só vai estar disponível para a população daqui a um ano ou mais, então, volto a ficar triste.

Assim, em meio à quarentena, as horas vão passando e as notícias se sucedendo. Recebo o vídeo de um padre que mora na Itália e que relata os momentos de tensão que está vivendo nessa pandemia. Quando acabo de ver, percebo que chegou outro vídeo em que um médico infectologista muito famoso vislumbra que as coisas vão ficar muito ruins e pede para as pessoas espalharem aquela notícia.

As intenções do amigo, do tio, do padre e do médico certamente são as melhores: não querem que a população leve essa pandemia na brincadeira, como se não fosse algo grave. E fazem isso porque, infelizmente, não faltam exemplos de pessoas que teimam em não seguir as orientações das autoridades e continuam a frequentar lugares públicos, a sair de casa sem necessidade, dentre outros erros.

Como viver a virtude da esperança em meio à pandemia

Foto ilustrativa: fotojog by Getty images

Diante desse cenário, vem à minha memória o livro do Cardeal vietnamita François Van Thuan, Testemunhas da Esperança. Em meio ao seu fortíssimo relato pessoal, o autor reflete, em dado momento, sobre os discípulos de Emaús que estavam desanimados, desesperados depois da morte de Jesus, fato que, para eles, tinha o significado de um grande fracasso. O Senhor os encontrou no meio do caminho e, enquanto caminhava com eles, narrou como tudo aquilo estava previsto nas Escrituras. Por fim, ao partir o pão, Cristo abriu-lhes os olhos, ensinando que “a nossa esperança não tem consistência alguma se não for baseada na Palavra de Deus, no mistério da Cruz e da Páscoa gloriosa de Cristo”.

Testemunhas da esperança em meio à pandemia

Percebamos o que testemunhavam esses dois discípulos antes de Jesus partir o pão: o fracasso da aventura do seu Mestre, a tristeza que se apoderara do seu coração. Más notícias eram tudo o que eles tinham para dar. Ter de volta a esperança provocou uma mudança radical na vida deles, a começar pela inversão da rota. Eles levantaram-se e voltaram imediatamente para Jerusalém para serem, desta vez, testemunhas da esperança. Cristo está vivo! Ele venceu a morte!

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Não se trata de alienar-se da realidade e fazer de conta que está tudo bem. Aqueles discípulos compreendiam bem a que perigos estavam expostos por testemunharem a ressurreição de Cristo. Nós sabemos que a pandemia do coronavírus é perigosíssima e traz grandes riscos à vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo e, por isso, precisamos todos ser prudentes.

Só que nós simplesmente não temos o direito de disseminar o desespero. Isso não é cristão. Antes de repassar uma notícia, um vídeo, um texto alarmante sobre essa pandemia, devo pedir ao Espírito Santo que me ilumine e me faça saber se estou sendo um agente da esperança ou um arauto do terror.

Em meio à ameaça do coronavírus, somos todos convidados a renovar a nossa esperança enxergando Cristo nos bravos profissionais de saúde que arriscam a vida deles tratando os doentes, nas pessoas de bom coração que se oferecem para comprar mantimentos no lugar dos seus vizinhos idosos, nos padres que continuam a assistir seus filhos espirituais na confissão e na unção dos enfermos. Esses são os discípulos de Emaús do nosso tempo, pois, testemunham a esperança.

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