O voto é uma ação ativa e não passiva
“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” (Tio Ben)
A frase acima é retirada do universo da Marvel e é dita em um momento capital, pouco antes de sua morte, pelo tio Ben, ao Peter Parker, que havia se tornado o Homem Aranha. A partir dali, o herói compreenderia toda a complexa realidade de ter superpoderes.
Guardadas as proporções, há muita semelhança desse episódio do mundo fantástico com a realidade de milhares, quiçá milhões de jovens, que poderão, se assim o quiserem, comparecer às urnas pela primeira vez neste ano de 2016.
Foto: Copyright: rkankaro
O que motivaria um jovem a votar diante do atual cenário político brasileiro, diante de tantas situações suspeitas ou já comprovadas de esquemas, negociatas, desvios promovidos por agentes públicos, que eleitos foram para representar os que os elegeram? Quando máximas populares como “todo político é ladrão” vão parecendo cada vez mais irrefutáveis, onde encontrar motivação para o voto?
Votar e acompanhar os políticos ativamente
A primeira coisa a assumir é que o voto é uma ação ativa e não passiva, ou seja, é própria de quem é protagonista e não coadjuvante. Desde sua origem etimológica, do latim votus, cujo significado é “promessa, desejo”, o voto significa a adesão a uma ideia, a um modelo, a uma concepção, representando a vinculação do eleitor, o seu desejo para seu município, Estado ou país. É exatamente essa uma das grandes características que assinalam e caracterizam a juventude: a capacidade de sensibilizar-se frente às necessidades da realidade e de comprometer-se com um ideal de mudança, pois no jovem está impresso o desejo de ser protagonista, nunca coadjuvante.
Essa possibilidade foi assegurada pela Constituição de 1988, e dentre tantas inovações e avanços sociais e políticos que a identificam, passou a ser chamada de “Constituição cidadã”, no artigo 14, § 1º, que faculta o voto aos maiores de dezesseis e menores de 18 anos. Dá-se a conquista de um importante direito: o de influir diretamente nos rumos da nação.
Neste instante, aos jovens também se propõe uma extraordinária responsabilidade: o de se posicionar, ter um lado, explicitar as suas convicções, anseios, sonhos e desejos para o mundo em que está inserido. É disso que se trata o voto. É uma ação de quem se importa. É uma oportunidade ímpar de sair de si em direção ao bem de todos.
E se o candidato eleito se revelar um corrupto? E se aquele a quem destinei meu voto não for eleito? Terei eu perdido meu tempo e meu voto? Essas e tantas outras indagações poderiam fragilizar o desejo e a disposição para votar. Mas esse é o ponto: o voto é apenas a ação final de um longo e perene processo de consciência social, ético e moral, desenvolvido no âmbito da subjetividade e que vai para além da eleição. Aspectos que passam a constituir definitivamente a personalidade daqueles que trilham esse caminho.
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A importância de exercer o voto
Dentro do sistema democrático, quando eu não exerço o meu voto, acabo por terceirizar as decisões que implicarão diretamente em minha vida. Pode ser que você demore a encontrar o candidato que expresse as suas convicções, mas ele existe. Procure, leia, aplique-se em votar com a coerência de sua consciência. Certa vez, escreveu Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Não podemos nos calar diante dessa verdade que se impõe.
A propósito, o conselho que tio Ben deu ao Homem Aranha já tinha sido nos dado, há muito tempo, por alguém que não apenas era sábio, mas a fonte da sabedoria:
“Daqueles a quem foi confiado muito, muito mais será pedido.” (Lucas 12,48)
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— Canção Nova (@cancaonova) 16 de setembro de 2016