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A leveza na vida mora nos pequenos gestos de amor

Reconhecer as coisas mais simples, pois o amor está nos pequenos gestos

Dias corridos, vidas intensas, uma enxurrada de conteúdos digitais que mostram vidas perfeitas ou padrões que parecem, muitas vezes, impossíveis para nós. O tempo nos convida a olhar para as coisas simples. Não são as grandes coisas que nos fazem felizes, mas sim os pequenos gestos. A leveza na vida mora nos pequenos gestos de amor dos quais estamos muito carentes nos últimos tempos.

Créditos: Tetiana Soares by Getty Images.

Muitas pessoas acreditam que para viver de forma leve é preciso transformar completamente a própria vida: mudar de emprego, viajar mais, alcançar grandes conquistas, resolver todos os conflitos, curar todas as feridas emocionais. Mas, na prática clínica e na observação humana, percebo que a leveza raramente nasce de grandes acontecimentos. Ela nasce, quase sempre, de pequenos gestos de amor — para consigo mesmo, para com os outros e para com a vida.

Vivemos num tempo acelerado, cheio de cobranças e de exigências internas. A sensação constante de “não ser suficiente”, de “não estar onde deveria estar”, de “não fazer o bastante” adoece de forma silenciosa. Sabe aquela mala pesada que a gente faz força para carregar? Pois é, vivemos como que carregando uma mala pesada todos os dias. E, por mais estranho que pareça, muitas vezes buscamos a leveza justamente adicionando ainda mais peso: mais metas, mais tarefas, mais expectativas.

Mas, como fazer uma caminhada mais leve e com novos significados? É no caminho que as coisas vão acontecendo. Um caminho que vai sendo contemplado de coisas simples nos ajudará, e muito.

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Os seis gestos de amor

Um dos primeiros gestos de amor que traz leveza é a capacidade de acolher a própria humanidade. Isso nos diz que todos nós erramos, cansamos, frustramo-nos, sentimos medo, ciúme, vergonha ou tristeza. A nossa humanidade se dá na nossa pequenez, na nossa miséria humana. Ao nos permitirmos a existência dos nossos sentimentos, diminuímos a luta interna, sem desistir, mas compreendendo e dando passos a seguir.

Um outro gesto muito importante é o autocuidado, que não é nada sofisticado ou caro, mas passa pelas pequenas coisas, tais como: tomar água, dormir melhor, alongar o corpo, preparar uma refeição gostosa, respirar profundamente ao acordar, caminhar alguns minutos ao sol, usar um perfume que traz boas memórias. Esses e outros pequenos gestos não mudam nossa vida de um dia para o outro, mas vão nos mudando aos poucos e por dentro. Com gestos de autocuidado, vamos nos permitir acolher nossas emoções, medos, inseguranças.

Um outro gesto muito especial é a presença. Nossas distrações, preocupações, telas e mundo virtual, parece que nos retiram do mundo de verdade. Ser presença é ter aquela conversa que olha nos olhos, que contenha interesse; é estar ao dispor do outro, com gestos, palavras, acolhimento sincero. A oferta da presença é um grande sinal de amor para com o outro e, certamente, reduz os pesos da vida.

Um quarto gesto muito importante é sermos gratos ao que temos e também agradecer ao outro. A capacidade de agradecer nos permite reconhecer que, mesmo na imperfeição, é possível viver melhor. Você já agradeceu pelo café que tomou pela manhã, pelo teto que possui, pela cama em que dormiu? Parece que tudo nos falta, estamos sempre incompletos, e o agradecimento vai de encontro à sensação de falta constante.

Um quinto gesto é a maturidade de reconhecermos que nem sempre estaremos certos. Quando a vida se torna um campo de batalha onde tudo requer uma guerra interior, e por vezes exterior, a vida torna-se pesada demais, cansativa demais. Nem tudo precisa ser respondido com provocação, com ressentimento, com confronto. Não é submissão ou passividade. Não é silenciar a própria voz. É discernir o que merece nossa energia emocional.

Um sexto gesto de amor, dentre tantos outros possíveis, diz sobre saber colocar limites e avaliar os momentos nos quais necessitamos dizer não, estabelecer um senso para não necessitar agradar sempre ou corresponder a todas as expectativas que podem ajudar o outro e prejudicar a nós mesmos.

Esses e outros gestos podem, em meio a tantas coisas, parecer muito simples, mas nos levam a lidar com os instantes da vida e cada momento de forma diferente, amorosa e, certamente, mais leve.

Leveza não é a ausência de peso nem a negação da realidade ou das responsabilidades, mas a capacidade de acolher sentimentos, de caminhar mais leve, de estar presente, de estabelecer limites e viver o simples a cada dia.


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa