Feitos para conexão
Uma coisa muito importante de constatarmos é que nós, especialmente os jovens, temos um desejo profundo de conexão. Procuramos conexões o tempo todo: conectarmo-nos com a realidade em que estamos inseridos, com as pessoas, os lugares. Fomos criados como seres de relação. Temos a necessidade de nos relacionarmos uns com os outros. Ninguém é uma ilha isolada.

Foto Ilustrativa: DisobeyArt by GettyImages/cancaonova.com
Todos nós fomos feitos para compartilhar a vida. E basta olharmos um pouco para a existência humana que logo percebemos isso: as famílias, as amizades, os companheiros de trabalho, os colegas… Estamos sempre nos conectando com pessoas. E com as redes sociais não é diferente. Elas se tornam um lugar de conexão, onde estabelecemos comunhão, onde criamos vínculos.
Que tipo de conexões estamos formando?
Mas a pergunta que fica é: que tipo de conexões estamos formando? E qual é a qualidade dessas conexões? As redes, de fato, têm me aproximado mais das pessoas ou, na verdade, têm me distanciado delas?
Quando queremos nos conectar com alguém, fazemos isso com o desejo de nos relacionarmos com a pessoa real, com aquilo que ela traz de mais essencial. Queremos e buscamos um laço profundo, concreto. Isso acontece de muitas formas e diversos meios.
Leia mais:
.:A juventude é o maior tesouro da humanidade
.:Lições de um jovem para a santidade
.:Celibato: por que não?
Hoje, temos a possibilidade de nos conectarmos também por meio das redes sociais, nas quais expomos nossas vidas, compartilhamos ideias, conhecemos novas pessoas — o que representa uma grande oportunidade. Porém, essa oportunidade também pode se tornar um grande risco. É inevitável termos contato com esse mundo digital. E mais: precisamos saber como fazer bom uso dessas redes, desses meios que nos foram concedidos, para que, realmente, possamos nos conectar com mais pessoas e compartilhar vida.
As redes como meio de comunhão e crescimento
As redes precisam ser um meio de comunhão e crescimento — e não de destruição e distanciamento. Não podemos nos enganar! Muitas vezes, achamos que estamos conectados com várias pessoas, mas, na verdade, estamos distantes, isolados. Por isso eu e você precisamos estar muito atentos e nos perguntar: o que as redes têm produzido em nós? Têm nos aproximado? Têm nos agregado?
As conexões que nelas estabeleço, o que compartilho e o que recebo — isso tem me ajudado a crescer como pessoa e a estabelecer vínculos, a ser mais humano? Ou, pelo contrário, tenho apenas tentado transmitir uma imagem ilusória sobre mim mesmo?
É importante entender que a rede social é, sim, um lugar de compartilhamento. Mas existe a exposição saudável e a não saudável.
A exposição nas redes sociais
A exposição saudável é aquela em que compartilho sentimentos, ideias, reflexões, momentos que vivo — isso é muito bom. E quando o compartilhamento se torna não saudável? É quando exponho aspectos íntimos, tão delicados, que nem todas as pessoas estão preparadas (ou são dignas) para receber aquilo que estou mostrando. Por quê? Porque é algo sagrado.
Por isso preciso ter filtro, discernimento, entendimento e uma reflexão mais profunda para saber o que devo ou não devo expor nas redes sociais. Afinal, é a minha vida. E muitas vezes, quando algo cai na rede, é praticamente irreversível. Não posso simplesmente apagar da memória das pessoas aquilo que elas viram — mesmo que eu delete uma postagem. Por isso precisamos estar muito atentos.
A exposição saudável é aquela que compartilha e agrega; e nem sempre são situações agradáveis: às vezes, são desafios e realidades difíceis que estamos enfrentando. Sem contar que, hoje, as redes sociais se tornaram, para os jovens, um meio potente de compartilhar a vida — e a vida que vivemos com Deus. Faço essa experiência de vida. Todas as vezes que tive a oportunidade de compartilhar, pelas redes sociais, vivências, desafios, lutas que enfrentei, percebi que outras pessoas também foram edificadas. Porque evangelizar é isso: é dar a vida que se vive.
As redes sociais: um meio de evangelização
As redes sociais se tornaram um meio concreto para isso. Eu evangelizo, compartilho a vida e as experiências — inclusive, os meus próprios desafios. Não posso ser escravo das redes. Mas preciso entender, como nos ensinam os sábios: “que proveito posso tirar de tudo isso para ser uma pessoa melhor?”
A rede social não é lugar para gerar conflitos ou fazer postagem com o objetivo de causar inveja nos outros. É um lugar de compartilhamento de vida com responsabilidade.
Lembremos que fomos criados para viver junto com os outros, e para isso precisamos estabelecer conexões; e as redes sociais podem se tornar um meio concreto para que isso aconteça — desde que saibamos usá-las bem. Se assim fizermos, as redes, de fato, se tornam meios pelos quais podemos nos conectar, edificar e também ser edificado por outras pessoas.
Tiago Marcon
Celibatário e Membro Definitivo do Núcleo da Comunidade Canção Nova. Atua no Ministério Jovem da Canção Nova, e Responsável da Missão CN no Chile.