A realidade da masturbação
Uma das discussões no âmbito da sexualidade que mais surgem, em especial entre os jovens em nosso tempo, é sobre a realidade da masturbação. Por muitos mestres da espiritualidade, chamado de “pecado solitário”. Todos os pecados ligados à sexualidade são desdobramentos e o alargamento da compreensão do Sexto Mandamento: “Não pecar contra a Castidade”. De fato, ao falarmos sobre o tema da masturbação, deveríamos refletir principalmente sobre sua forma de combate principal, ou seja, a castidade.

Créditos: Imagem criada por Inteligência Artificial / Krea
A abordagem psicológica
Primeiro, vamos entender uma visão atual sobre este fato. Na atual abordagem psicológica, a masturbação é vista como uma forma de válvula de escape para enfrentar pressões ou traumas diversos. Outros ainda apresentam a masturbação como modo de conhecimento do próprio corpo.
Essa abordagem leva em consideração a abordagem freudiana do complexo de Édipo. Este tem como base a realidade de um desenvolvimento sexual da criança. Assim, a masturbação deveria ser incentivada para ajudar no desenvolvimento da pessoa. Todavia, essa é uma visão reducionista que desconsidera outras características da pessoa humana.
O Catecismo da Igreja Católica
Tendo em vista a existência dessa abordagem, é importante perceber o que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre isso. No Artigo 6º do Catecismo, encontramos uma reflexão sobre os temas correlatos à realidade que estamos tratando neste nosso texto. Nos números 2351 a 2354, encontramos uma reflexão sobre o tema da luxúria, este é um dos pecados capitais, da masturbação, da fornicação e da pornografia. Todas essas realidades, de algum modo, estão relacionadas entre si, porque, quando se encaminha pela masturbação, normalmente, as pessoas acabam caindo em tudo isso em algum nível.
Por hora, nos prendamos ao tema masturbação, lembrando que pode vir à tona em nossa reflexão essas outras situações. O Catecismo da Igreja Católica considera a masturbação como um “desvio intrinsecamente e gravemente desordenado”. Porque, na prática, a masturbação é um ato individual de excitação sexual. E sendo individual, ele desvia-se da ideia de uma sexualidade sadia entendida pela Igreja, que é entendida e concretizada na entrega ao outro, com finalidade unitiva e procriativa. A masturbação seria apenas com a finalidade de prazer.
Remédio para o vício da masturbação
Não havíamos abordado ainda a masturbação como sendo um vício. Mas, de fato, é vício enquanto contrário à prática virtuosa ou como sentido de dependência. Na primeira abordagem, não poderíamos descrever a masturbação ao nível dos pecados capitais. Como disse anteriormente, ele seria um desdobramento daquele que é uma máxima, neste caso a luxúria.
Também é vício enquanto dependência. Comumente, aquele que pratica esse ato não o faz raramente, mas é levado a repetições, em casos mais patológicos, mais de uma vez ao dia. E, normalmente, está associado àqueles itens elencados anteriormente como a pornografia. Realidade que tem invadido nossos ambientes devido à alta da concepção sexual de mundo que temos atualmente. Onde as relações humanas mais puras vão sendo deixadas de lado.
A escolha pelo caminho de santidade
Um remédio para essa situação viciosa parte do princípio de castidade ensinado pela Igreja; parte do purificar os pensamentos e o olhar do mundo. E esse é um caminho tortuoso, porque, como disse, em todos os meios encontramos uma constante sexualização das coisas. Desde a maneira de falar até as músicas de maior sucesso da atualidade. Seria realmente um “nadar contra a maré”.
Contudo, é possível de ser alcançado, porque o que propõe a Igreja não é a construção de redomas nas quais devemos entrar e excluir todo o contato com o mundo. Mas a formação de uma consciência que seja capaz de discernir e de fazer a escolha pelo caminho de santidade. Para isso, a castidade é entendida pela Igreja como o melhor caminho porque propõe um domínio e controle de si mesmo.
Isso é o que falta no pensamento daquele que vive uma castidade desordenada, a falta controle pessoal. Muitos que caem nessa realidade descrevem isso, só motivados por diversos elementos externos que os leva a cair. Assim vão outras sugestões práticas: evitar ficar sozinho ou com tempo para o ócio; banhos prolongados; curiosidades nas redes sociais; curiosidades e olhares pelas ruas (este evitar os olhares pela rua, tão aconselhados por alguns místicos, hoje esta rua poderiam ser as redes sociais); evitar conversas imorais ou locais que o levem a pecar.
Quais outros meios poderíamos utilizar
São muitos os meios práticos, mas nenhum deles funcionará se faltar a força de vontade. Precisa-se fazer uma escolha. Precisa-se cercar-se de quem possa contribuir para o crescimento espiritual e para evitar as ocasiões de queda. Então, não se trata somente de evitar, mas de empreender meios que possam substituir as ocasiões de vício.
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No lugar de estar em rodas de conversas devassas, procurar temas que possam fomentar a espiritualidade ou a aprender uma coisa nova: aptidão. Estabelecer horários e locais para acesso às redes sociais. Não levar o celular ao banheiro – para muitos, poderia ser um caminho. Talvez, alguém não consiga fazer isso sozinho, por isso a busca por um diretor espiritual experimentado na vida poderia ser um meio eficaz. Além de prática esportiva, que ajude a manter também o corpo funcionando, porque, como dissemos, alguns psicólogos falam da masturbação como válvula de escape, mas não existe somente uma possibilidade de válvula, existem outras opções, e o esporte é uma delas. Apesar de que para alguns o esporte de contato físico poderia ser um caminho adverso.
Os sacramentos, caminho para a santidade
Enfim, são diversas as possibilidades, e cada um poderia discernir o melhor caminho. Mas nenhum deles pode tornar-se barreira para alcançar a meta da santidade ou desviar do propósito principal, uma vez que a masturbação, de algum modo, já está sendo uma barreira para a perfeição. Aqui, não se trata de levantar uma outra barreira distinta da primeira, mas um meio eficaz para a salvação. E não poderíamos encerrar este texto sem citar os ordinários deixados por Nosso Senhor, os Sacramentos, em especial, neste caso, a Confissão e a Eucaristia.
Peçamos a Deus que purifique nosso olhar e nossa mente para que possamos pensar como Jesus pensou, e viver como Jesus viveu.
Jaelson Cerqueira Santos
Dioc. Teixeira de Freitas/BA
Mestrando Teologia Moral – Pontifícia Universidade Alfonsiana/Roma