O sexo, quando praticado precocemente, pode trazer algumas consequências ruins
Em artigos anteriores, já falamos como o sexo é algo bom, criado por Deus e com uma função belíssima dentro da humanidade. No ato sexual, o casal se une da maneira mais íntima que pode existir, em uma entrega e doação profunda, com significados que vão além do prazer e da satisfação imediata.
Nesse momento, cada um entrega ao outro tudo o que é e possui. A nudez não é apenas do corpo, mas também da alma; a transparência desse momento não permite esconder os defeitos daquela gordurinha, mas também não é possível esconder alguma preocupação, por exemplo.
Há muitos relatos de homens e mulheres que não têm relações sexuais satisfatórias quando há preocupações externas ou desconfianças internas entre o casal. Assim, a questão da doação é total, livre. Os significados vão muito além das aparências nesse momento.
Foto: Arquivo CN/cancaonova.com
Entretanto, a beleza desse momento não é algo que vem pronta. Assim como aprendemos com o tempo a caminhar e a andar de bicicleta; assim como iniciamos nossa alimentação com o leite materno, depois com a papinha e, aos poucos, vamos conhecendo os alimentos sólidos, a iniciação sexual precisa ser preparada e construída antes de ocorrer efetivamente.
Precocidade
Imagine se um bebê começa a comer feijoada nos seus primeiros meses de vida! Algo muito ruim deve sair dessa experiência irresponsável e extremamente prejudicial à criança.
No âmbito da sexualidade, há que se respeitar o tempo natural de maturação física, psíquica e emocional tanto do indivíduo como da relação. Para doar-se inteiramente, no nível profundo do sexo, é preciso, primeiro, possuir-se inteiramente.
Um adolescente, por exemplo, está passando por transformações importantes na sua vida como a puberdade. O corpo se modifica, a voz engrossa, as dores das primeiras menstruações, que ainda são irregulares etc.
Existem também as emoções que agora são tão intensas e confusas, uma chuva de hormônios que deixa o corpo meio esquisito, uma vontade incrível de dormir nos momentos menos apropriados, o humor varia muito, os pais parecem mais chatos que antigamente. Uau! Que fase intensa!
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É como se uma tempestade passasse pela vida daquela criança que tinha tudo tão certo, tão mais simples. É, no entanto, uma transformação necessária, principalmente para a manutenção da identidade do adulto que está se formando. É um momento maravilhoso de autoconhecimento!
Muitos acreditam que o maior interesse por namoros e experiências amorosas sejam a “carta branca” necessária para o ato sexual acontecer, já que os hormônios despertam esse desejo com maior intensidade. Aqui, cabe bem o exemplo da feijoada para o bebê: o adolescente ainda não se possui inteiramente para doar-se de maneira integral e libertadora.
Saúde sexual
Ao contrário de ser algo bom, o sexo passa a ser permeado por culpa, medo, insegurança e fantasmas como doenças e gravidez. Como as fases do engatinhar, andar e correr, a saúde sexual passa pelos momentos de identificar o que está ocorrendo no corpo e no emocional, há que se ter aquele espírito curioso e aventureiro para dentro de si, e não para o corpo do outro.
Muitos descobrem habilidades para escrever, pintar, dançar nessa altura da vida, já que alguns conflitos internos desenvolvem a sensibilidade artística que extravasa de maneira tão linda. O corpo pede mais ação em muitos momentos, e as atividades físicas são excelentes válvulas para deixar fluir aqueles impulsos causados pelos novos e muitos hormônios dessa fase.
Percebe como as coisas precisam ser ordenadas e construídas com responsabilidade e respeito? Aliás, o é construído por si próprio, acima de tudo, para que seja possível o respeito ao outro. Se não respeito o meu próprio tempo de maturação, será realmente mais difícil respeitar outra pessoa.
Assim, acabam sendo corriqueiros aqueles relacionamentos abusivos, de exploração e coisificação do outro, com consequências maléficas para todos os envolvidos.
E o sexo na relação amorosa?
Também é algo que precisa de tempo e respeito. Um casal que pula etapas acaba ficando defasado em aspectos fundamentais para a saúde da relação como o diálogo, a compreensão e a descoberta de prazeres não sexuais.
É comum ver casais viciados em sexo e com muita dificuldade de sentirem prazer na companhia desinteressada do outro, na delícia de ir ao cinema juntos ou de estar com os amigos e familiares. A relação acaba ficando extremamente conflituosa, sendo possível a reconciliação apenas na cama. Impossível dizer que há equilíbrio e harmonia em relações assim.
Para que haja aquela beleza profunda, aquela transparência libertadora entre o casal, é necessário que o ato sexual seja a cereja do bolo, e não o ingrediente da massa. Se você coloca a cereja na massa, ela perde a cor e muda o sabor, perde a sua função.
Fazer crescer e amadurecer pode exigir paciência, dedicação e aquele tempo de espera, que tanto nos fortalece e nos prepara para enxergar a beleza oculta, impossível de ver no superficial, no imediato.