Providencialmente, também Jesus, no Evangelho que a Igreja proclama, convidou seus amigos para um sadio lazer: “Os apóstolos se reuniram junto de Jesus e lhe contaram tudo o que tinham feito e ensinado. Ele lhes disse: “Vinde, a sós, para um lugar deserto, e descansai um pouco”! Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham nem tempo para comer. Foram, então, de barco, para um lugar deserto, a sós” (Cf. Mc 6,30-34).
Um dos mandamentos da Lei de Deus prescreve o descanso no dia do Senhor para prestar-Lhe culto e refazer as forças. Muitos deveriam penitenciar-se por não ter descansado bem ou não ter dedicado o dia de domingo à celebração principal da vida cristã: a Missa Dominical, quando se faz presente o mistério da Morte e Ressurreição do Senhor. Da Eucaristia Dominical podemos retirar as forças necessárias para viver bem. Domingo é, em primeiro lugar, um dia de Missa; depois, dia de família, de descanso e lazer. Sugiro que, no próximo exame de consciência, cada um de nós se pergunte a respeito de seu domingo, se descansou bem e com dignidade, inclusive para tratar melhor os outros.
Há pessoas que cultivam bem a cultura das férias regulares, hábito saudável e necessário, a ser mais valorizado entre nós, pelo que saúdo com alegria quem aproveita bem o mês de férias, desfrutando-o com a família e os amigos, repousando no corpo e na alma, para depois enfrentar as lides diárias, cada um em sua profissão e condição de vida.
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Alguns pontos de reflexão se fazem oportunos quando se trata de férias e descanso, quem sabe para ver a outra face da moeda! A Igreja sempre considerou inadequado o cultivo do ócio e da preguiça, o viver “de papo para o ar”. São, infelizmente, comuns as situações de pessoas que vivem à toa, ocupadas em não fazer nada. Frequentes são os casos de gente “encostada”, desfrutando o dinheiro suado de aposentados, homens e mulheres que continuam sustentando, à custa de suor e lágrimas, parentes e agregados em muitas famílias. Se heroica é a disposição de tais anciãos e anciãs, não deixa de escandalizar o modo de viver de quem se aproveita de sua generosidade. O descanso há de ser fruto do trabalho e deve encaminhar para ele, a fim de que o homem e a mulher cheguem à grande dignidade que é viver do suor do seu rosto.
O tempo de descanso seja ocupado com atividades dignas da pessoa humana e de sua vida cristã. O uso descontrolado de bebidas, a terrível praga das drogas e a total perda do sentido verdadeiro do corpo e da sexualidade, levando a ignorar todo o sentido de limites e da adequada moralidade tem incomodado a muitas pessoas. Espalha-se uma verdadeira camisa de força, na qual o argumento da sociedade laica chega a extremos inaceitáveis, fazendo com que os que desejam viver a dignidade humana e de filhos de Deus sejam reprimidos, inclusive em suas práticas sadias.
Mais ainda, nem podem manifestar suas convicções em público, pois o que deveria ser chamado “direito ao pecado” se sobrepõe a valores que, considerados conservadores, são o retrato do plano de Deus, que quer vida, dignidade, respeito, plena realização para todos os homens e mulheres, chamados a se expressarem na graça de Deus e não na iniquidade. Tenho ouvido jovens que começam, graças a Deus, a se cansarem da libertinagem a que são estimulados e à qual, muitas vezes, se entregam. Não pode se manter uma sociedade que perde as rédeas dos impulsos e instintos, como a história nos mostra em reinos e impérios que se corroeram por dentro a partir de orgias e bacanais.
Desejo que o tempo do lazer e do descanso seja efetivamente sadio e possibilite a volta a casa de família, à escola, ao trabalho e à Igreja de “cara limpa”. Não descansa adequadamente quem recomeça seus trabalhos com peso de consciência, mas quem pode transbordar a verdadeira alegria de filhos de Deus, pela fidelidade que a Ele pedimos com a Igreja: “Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos” (Oração do Dia do XVI Domingo Comum).