A chamada “Teologia da Prosperidade” tem sido um tópico amplamente debatido dentro do cristianismo, especialmente entre as denominações protestantes neopentecostais. Entretanto, a Igreja Católica assume uma postura crítica em relação a essa abordagem, considerando-a uma distorção do verdadeiro Evangelho de Cristo. Neste artigo, exploraremos o conceito de Teologia da Prosperidade, seus fundamentos, sua incompatibilidade com a Doutrina Católica e as diretrizes da Igreja sobre o assunto.
O que é Teologia da Prosperidade?
A Teologia da Prosperidade é uma doutrina que ensina que a fé em Deus resulta diretamente em bênçãos materiais e saúde física. Essa crença é baseada em uma interpretação literal de certas passagens bíblicas, tais como:
Malaquias 3,10: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa. E provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, e vede se eu não vos abrirei as comportas dos céus, e não derramarei sobre vós uma bênção tal, que vos advenha a maior abastança”.
João 10,10: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.”
Os pregadores da Teologia da Prosperidade argumentam que Deus deseja que todos os crentes sejam financeiramente prósperos e saudáveis, e que essa prosperidade pode ser alcançada por meio da fé e de contribuições financeiras à Igreja.
A posição da Igreja Católica
A Igreja Católica rejeita a Teologia da Prosperidade por várias razões, e a principal delas é que ela distorce a verdadeira mensagem do Evangelho. Em 2018, o Papa Francisco disse que essa teologia é “uma falácia” e “uma visão enganosa do cristianismo”. A Igreja ensina que o sofrimento e a cruz fazem parte do caminho cristão e que a busca desenfreada por riquezas pode ser um obstáculo à salvação.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) reforça esta posição:
CIC 2444: “Os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho, e o amor por eles inspirado pela caridade de Cristo torna-se critério de autenticidade da nossa vida cristã.”
CCC 2544-2547: A Igreja recorda que Jesus chamou seus discípulos a uma atitude de desapego dos bens materiais, alertando contra a ganância e a busca desenfreada de riquezas.
Além disso, em vários documentos, como a encíclica Evangelii Gaudium (2013), o Papa Francisco alerta para os perigos do materialismo e do culto ao dinheiro, que afastam as pessoas do verdadeiro significado da fé.

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Prosperidade no contexto bíblico e católico
A Bíblia não nega a importância dos bens materiais, mas ensina que eles não devem ser o centro da vida cristã. Jesus Cristo nos deu o exemplo supremo de humildade e desapego, nascendo em uma manjedoura e vivendo uma vida simples. Algumas passagens da Bíblia que são contrárias à Teologia da Prosperidade incluem:
Mateus 6,24: “Ninguém pode servir a dois senhores; Ou ele odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.”
Lucas 16,19-31: A parábola do homem rico e Lázaro ensina que aqueles que confiam nas riquezas podem perder a vida eterna.
Mateus 19,21: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que você tem e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu; Então venha e siga-me.”
A Igreja ensina que a verdadeira prosperidade não é encontrada na riqueza material, mas na graça de Deus e na comunhão com Ele. Santos como São Francisco de Assis, Santa Teresa de Calcutá e São Vicente de Paulo demonstraram por suas vidas que a verdadeira riqueza é encontrada na caridade e na dedicação a Deus.
Os perigos da Teologia da Prosperidade
Além de distorcer o Evangelho, a Teologia da Prosperidade apresenta outros perigos, como:
Culpar o indivíduo pela pobreza – Muitos pregadores dessa teologia ensinam que a falta de prosperidade é resultado da falta de fé ou do pecado, o que contradiz a Doutrina Católica sobre a dignidade dos pobres.
Transforma Deus em um meio para um fim – Em vez de buscar Deus por amor e santidade, a Teologia da Prosperidade incentiva a busca por bênçãos materiais.
Ela tira o foco da cruz – O sofrimento faz parte da vida cristã, e a Teologia da Prosperidade ignora o chamado de Jesus para carregar a cruz.
A Igreja Católica rejeita a Teologia da Prosperidade porque ela distorce a mensagem central do Evangelho. A verdadeira fé cristã não se baseia em promessas de riqueza material, mas no amor a Deus, no serviço ao próximo e na busca pela santidade. A prosperidade que Jesus oferece é a vida eterna, não o acúmulo de bens terrenos. Como cristãos católicos, somos chamados a viver com generosidade, desapego e confiança na providência divina, colocando sempre Deus acima de qualquer riqueza mundana.
Almir Rivas
Missionário da Comunidade Canção Nova
Referências
Catecismo da Igreja Católica
Evangelii Gaudium, Papa Francisco