São Vicente viveu uma vida dedicada aos pobres e marginalizados; além disso, deixou um grande legado através da família vicentina, que está espalhada pelo Brasil e o mundo. Contudo, pouca gente sabe da suas inspirações e avanços na história da Igreja. Desejo lhes mostrar um pouco mais dessa obra escondida.
Vicente de Paulo nasceu, em 1581, em uma pequena cidade da Gasconha, região da França, no seio de uma família de camponeses. Embora tenha transcorrido a sua adolescência no campo, a sua perspicácia foi percebida por um benfeitor, que lhe ofereceu a oportunidade de estudar, tanto que, em 1600, com apenas 19 anos, foi ordenado sacerdote, mas obteve o diploma em teologia somente em 1604. Abriu uma escola particular, mas teve muitos gastos.
São Vicente e sua obra voltada aos pobres
Em 1612, tornou-se pároco de uma igreja em Clichy, na periferia de Paris. Durante quatro anos, uma de suas missões foi educar os filhos dos Marqueses de Gondi.
Ali, Vicente percebeu, pela primeira vez, o enorme abismo entre ricos e pobres, não só do ponto de vista material e social, mas também cultural e moral. Sua preocupação com a pobreza foi compartilhada pela Marquesa Gondi, que colocou uma grande quantidade de dinheiro à sua disposição, para que fosse instituída uma obra de pregação quinquenal entre os camponeses das suas terras.
Foi assim que iniciou sua grande obra e missão de caridade. Ele se tornou fundador dos padres Lazaristas e das irmãs da caridade, obras voltadas para os mais pobres e necessitados. Dessa maneira, tornou-se muito conhecido na Igreja nesse ramo de obras. Contudo, quero destacar o carisma das Filhas da Caridade de São Vicente e de sua amiga Santa Luíza de Marillac. O santo fundou, primeiramente, as Confrarias da Caridade (Senhoras da Caridade, hoje, Voluntárias da Caridade).
O exemplo comunicativo de Margarida Naseau na missão
Nesta ocasião, encontrou-se com Luiza de Marillac e associou-a a sua atividade com os pobres. As senhoras da Caridade, impedidas por seus maridos, deixaram de assistir pessoalmente os pobres, mandando suas criadas. Uma jovem camponesa, Margarida Naseau, apresentou-se ao Padre Vicente para dedicar-se aos mais humildes trabalhos que as senhoras das confrarias não assumiam junto aos pobres. Com grande amor evangélico, fez-se a serva dos mais abandonados.
Seu exemplo foi comunicativo, pois logo outras jovens a seguiram. Vicente as confia à Luiza de Marillac para instruí-las. Em 29 de novembro de 1633, as (4) quatro primeiras Irmãs se reúnem com Luiza para viver um mesmo ideal em comunidade fraterna. Seis meses depois, já eram (12) doze.
Foi uma grande novidade na época, pois, até então, só havia vida consagrada em clausura, freiras reclusas. A parir dessa iniciativa, iniciou-se os ramos e as congregações de freiras ativas; agora, elas viviam no meio do povo, indo à casa dos pobres para atender os doentes. Depois, à medida das necessidades, ocupavam-se dos doentes nos hospitais, da instrução das jovens, das crianças abandonadas, dos galés, dos soldados feridos, dos refugiados, das pessoas idosas, dos dementes e outros.
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Um Santo de coragem e ousadia
A vida e inspirações de São Vicente revolucionaram o seu tempo. Realizaram avanços dentro da Igreja e, por muitas vezes, essa informação torna-se esquecida. É um santo reconhecido pela caridade, mas também deve ser lembrado por sua coragem e ousadia diante das moções que o Espírito lhe fazia. Oremos a São Vicente, a fim de que nos ensine o caminho do amor pela caridade e a docilidade à vontade divina.