PATERNIDADE

Meu pai José

“Pai, quem és tu para o meu coração? Que significa tua existência em minha vida?”

Essas questões povoam nossa existência e ecoam no mais profundo de nós. Elas compõem o sentido do nosso ser, são questões de origem, definem o nosso comportamento no mundo, são fontes de força ou das fraquezas do nosso existir.

O pai é a estabilidade do lar, a segurança da esposa e dos filhos que esperam dele amor, fidelidade, carinho, proteção e alegria. Quando o pai ama a sua esposa e a respeita, os filhos se sentem também amados e respeitados. Quando os pais se desentendem, ofendem-se, os filhos ficam inseguros e amedrontados.

Muito bem, subamos isso ao plano da nossa salvação, pois também Deus quis ter um pai.

A paternidade de São José, conhecida pelos cristãos, desde o século I, com toda certeza, foi planejada por Deus desde o paraíso, quando, diante da queda do primeiro casal da história, Ele já planejou a redenção da humanidade através da mulher, cuja descendência seria inimiga da serpente, e essa estaria debaixo dos seus pés.

Meu pai José

Foto Ilustrativa: Stanislav Hubkin by Getty Images

Deus quis ter um pai

Deus não é um Deus do improviso, por isso a figura do varão, que daria toda proteção, cuidados, alimentação e tudo quanto é necessário em uma família, à Mãe e ao Menino Jesus, colocados sob tal proteção, estavam, desde sempre, no coração do Criador. A paternidade não seria biológica, mas uma paternidade histórica e espiritual. Seria legal de acordo com os trâmites e a cultura do tempo, era para ser da descendência de DAVI de acordo com as profecias. A paternidade de José era e é legítima, como fora legítimo o seu casamento com a Virgem Maria, e mais legítimo ainda a maternidade de Maria dada a toda humanidade aos pés da cruz, que, unida à paternidade legal de José, o escolhido do Pai, emana aos confins da terra a ternura da Família de Nazaré.

Essa família é casa que acolhe a todos. Dela emana todo amor, carinho e proteção da parte de Deus para todos nós. Vamos adiante!

casada legalmente com São José, mas ainda sem coabitar com ele, Maria recebe a visita do Arcanjo Gabriel que lhe anuncia o desejo de que o Filho de Deus viesse ao mundo feito Homem através dela. Logo ela diz que não conhecia homem algum, que ainda estava intacta em sua pureza virginal, e lhe perguntou como isso poderia acontecer. Penso eu, que já nessa hora, a nossa doce Mãe pensava no seu humilde marido, a quem tanto ela amava, confiava e respeitava, em como ele ficaria com tal surpresa no meio do seu enlace. Mas, porque para Deus NADA é impossível, o Anjo lhe disse que tudo isso seria através da Graça divina que nela seria plena e total, o próprio Espírito Criador faria a grande Obra.

Visita a José

De igual maneira, e para que tudo acontecesse de acordo com os desígnios do Senhor e que todas as profecias se cumprissem, esse mesmo Anjo, mensageiro da vontade divina, visita José, o esposo de Maria. Ele, em meio a sua pequenez e humildade, não se achando merecedor de tanto, pensou em segredo, deixar a sua esposa. Mas aquela mesma providência divina que socorreu nosso Pai Abraão vem socorrer nosso Pai José. E esse, mesmo em sua agitação interior mediante tal notícia, naquela noite decisiva, dormia a sua mais importante noite, não sabendo ele que também os desígnios do Senhor passava pelo seu SIM. E ali mesmo, no sono de José e em seus sonhos, Deus lhe anuncia por seu Anjo que tudo o que ocorria na vida dele e da sua esposa era uma Obra do Altíssimo. Prontamente, aquele rapaz se levanta para acolher tudo aquilo que lhe acontecia!

Humilde e obediente, tomou para si a responsabilidade em tornar real, concreto e verdadeiro todo o projeto de Deus para nossa salvação. Meus irmãos e irmãs, que homem, que servo, que Pai!

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Homem segundo o coração de Deus

Esse era um verdadeiro varão da estirpe de DAVI, esperado e profetizado por vários séculos e gerações: “Um homem segundo o coração de Deus”, trazendo em si, a partir de então, o coração do Pai do céu, do próprio Deus. Nascia ali, entre anúncios e sonhos, profecias e gritos de glória e louvor, a nossa mais sublime família, a Família de Nazaré.

“Nasceu para nós, na cidade de DAVI, o Salvador do mundo” (Lc 2,11), o Filho de José e Maria.

Como um bom judeu, que por amor ao seu Senhor observava os preceitos de sua fé, logo, aos 12 anos, consagrou-se inteiramente a IAHWÈ, dando-lhe sua juventude, castidade e sonhos, abraçando uma vida tomada de virtudes, de espiritualidade, de serviço honesto e obediência à lei. Ele, mesmo sem saber o que Deus lhe pediria, foi forjado à altura da sua honrosa missão, de ser escolhido para ser PAI DO FILHO DE DEUS.

Jesus não poderia ter uns pais mais incríveis do que José e Maria e, por sua vez, ela não poderia ter recebido esposo tão digno como o nosso grandioso José. Tudo na mais sublime sintonia. Sim, meus irmãos, aqui estamos mergulhados na mais sublime conexão entre o céu e a terra, o humano e o divino. Deus só poderia escolher para Si o mais perfeito pai.

E, portanto, escolheu José!

Que emoção! Que presente! Que grande mistério de amor!

Mas não para por aí! Como toda família, além das alegrias e grandiosas revelações que aconteceram, vieram também os desafios. Os desafios de ser chefe e pai de uma família como essa e como tantas outras que são simples, esquecidos e pobres, toda a luta contra um sistema existente e a serviço do mal que queriam destruí-los. Como, por exemplo, no episódio da fuga para o Egito, onde, ainda com Jesus criança, eles foram para terra estrangeira, sofreram as angústias do desterro, do desemprego e da perseguição mortífera de Herodes.

Um pai cheio de destemor e coragem que enfrentou, por amor a sua família, os terrores do preconceito, do deserto, da humilhação e até mesmo da fome e da sede. E ainda o medo de perder o seu filho para o mundo, como no episódio do templo, que lhe afligiu tanto o coração. Muito embora esse momento também foi o de perceber o quanto seu filho havia crescido e aprendido com ele sobre estar na casa do Pai e ser todo do seu Deus e Senhor.

Ele, José de Nazaré, também foi o salvador do nosso Salvador. O guardião, o servo e o pai.

No silêncio, na obediência, na entrega total de si, como um pai é formado para ser.

Jesus cresceu vendo o comportamento de Seu pai José

E nisso tudo, entre idas e vindas de Nazaré, Jerusalém, Egito e em retorno para a Galileia, José ensinava e educava o seu filho, não somente na palavra, mas nesse testemunho total da entrega de si mesmo, à altura da sua paternidade.

Em São José, Jesus via como se comporta um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Jesus crescia em sabedoria, tamanho e graça, vendo o seu pai. Aqui, entendemos que a vida fala mais do que palavras. Jesus aprendeu sobre obedecer, servir, trabalhar, respeitar, amar a história do seu povo, abandonar-se na vontade de Deus, orar e ouvir, em todas as circunstâncias, a vontade do Pai do céu com seu Pai José.

Jesus era conhecido por seus pais como Filho do carpinteiro. E, entre esses episódios, situações narradas e pelo olhar dos evangelistas, foi desenhada a figura magnífica do mais sublime patriarca, o justo e glorioso São José.

José é nosso pai!

Por fim, a paternidade de José se estende a todos nós; e podemos confiar plenamente que tudo ele fará para que nenhum de nós se perca.

Esse Pai, cuja entrega ao seu filho Jesus, que até os seus 30 anos lhe era totalmente obediente, chega até as alturas do céu, e pela fé entendemos que José continua no céu a ser o chefe da Sagrada Família onde também aí Jesus lhe continua obediente. Ou seja, tudo o que pedirmos a São José, ele prontamente o atenderá.

Por isso, em todas as dificuldades, perigos e tribulações em sua família, paternidade e na sua própria vida, recorra a São José.

Homens e Pais, imite-o.
Filhos e Filhas, busque-o.
Mães e esposas, invoque-o.
Famílias inteiras, guardai-vos sob a proteção de São José.

Assim seja.
Amém.

Cleiton Luiz Godeiro
Médico pediatra, empresário, esposo, pai e avô
Comunidade de Casais Vida Nova
Devoto de São José
Natal/RN/Brasil