A vivência do amor em família ou a vocação ao matrimônio parece ser a mais natural das vocações cristãs. Pense bem: encontramos a união de um homem e uma mulher, que desemboca na geração de filhos, em todas as culturas do planeta. Em muitos lugares, e até mesmo à nossa volta, essa união é praticamente um desenrolar normal da vida.
Não podemos dizer o mesmo sobre os ministros ordenados, as vocações religiosas ou a vida consagrada e nem mesmo sobre as vocações de serviço à Igreja. Na sociedade como um todo, mesmo onde o catolicismo é reinante, elas são a exceção, nunca a regra.
O casamento é um compromisso de amor e de vida
Essa naturalidade da união entre homens e mulheres, têm diversos graus e dignidades. O encontro puramente carnal de uma noite, não pode ser comparado a anos de compromisso. O ato de assumir publicamente, perante toda a sociedade, um relacionamento amoroso através de um contrato de casamento, deixa bem clara a intenção dos cônjuges de estar construindo um projeto de vida, um ideal de comunhão e não passivamente “esperando para ver onde vai dar…”
Quando se assume esse compromisso também perante a autoridade religiosa a mensagem ganha um significado a mais: não queremos viver somente sob as regras dos homens, entendemos que existe uma realidade espiritual muito maior que nós dois e que provê e sustenta o nosso amor. É sob esse influxo do Amor que nos envolve, mas também nos transcende, é que queremos viver!
Matrimônio como vocação
Somente nesse momento é que podemos entender o matrimônio como uma vocação, um chamado. O Amor nos chama a viver juntos, mas não somente entre nós, também com Ele, para Ele e n’Ele. Saímos da Biologia e entramos na Teologia. O natural passa a ganhar um sentido sobrenatural, o transitório ganha detalhes de eterno.
A união de duas pessoas, sem o relacionamento com Deus, pode ser comparada à glutonaria. Come-se porque quer, quando quer, a quantidade que couber e, se o objetivo for de se deliciar com o prazer de comer, faz-se como os antigos romanos: vomita-se para comer mais. A consequência óbvia disso é que nem a saúde nem a paciência aguentam muito neste ritmo. O que começa bem termina de forma deprimente.
O amor nos chama
Claro, não há nada de errado com o amor que começa com a atração física ou de personalidades, como não há nada de errado em ir preparar o almoço somente porque se tem fome. É a maneira que tudo se desenrola depois, as escolhas que fazemos, com quem e em que grau queremos compartilhar esta relação que demonstra até que ponto ela é uma vocação, um chamado. Mas lembre-se: É o próprio Amor quem nos chama!
Em que grau você corresponde ao Amor? Com que fidelidade, com que profundidade? Consegue desdobrar esse amor em família? Afinal, o Amor nos chama para uma felicidade completa, e o surgimento de uma família é só o início dessa linda aventura. Por isso, eu o convido a também aprofundar-se um pouco mais nessa realidade da vivência do amor em família lendo o artigo “Família, projeto de Deus para a felicidade”.