Setenta e seis anos foi o tempo total de vida concedido por Deus a um homem nascido no ano de 354 cujo nome era Aurélio. Tudo o que esse homem viveu e produziu em pouco mais de sete décadas de existência, permanece, ainda hoje, vibrante e atual. Sua memória continua viva e sua obra ainda influencia grandes homens do século presente. Esse personagem tão singular na história do cristianismo tornou-se conhecido universalmente como Santo Agostinho ou “Agostinho de Hipona”.
Apenas um ano depois de sua morte, Agostinho passou a ser catalogado como um dos maiores mestres da Igreja. Ele é tido, em alta categoria, como filósofo, teólogo, retórico, místico e poeta. Quem tem a graça de mergulhar nos seus escritos jamais permanece da mesma maneira. Conhecer o seu pensamento e a sua vida provoca, naturalmente, uma sede de Deus. Seus felizes investigadores, portanto, ao entrarem em contato com este edifício literário-espiritual, descobrem o encanto por Jesus Cristo e a necessidade de permanecer em estado de graça e de constante oração. Estes agraciados são impelidos ao amor, à oração, à sabedoria e à verdade.
Colaborações de Santo Agostinho
Agostinho escreveu como ninguém acerca do homem e acerca de Deus. Ele colaborou enormemente na fundamentação da doutrina da Igreja Católica em tempos muito difíceis em que a fé genuína estava sendo terrivelmente bombardeada por inúmeras e perniciosas heresias. Além de incontáveis livros, cartas e sermões, o Bispo de Hipona também deixou registrado um conjunto de princípios que, posteriormente, fora chamado de “Regra de Santo Agostinho”. Muitos fundadores de ordens, a propósito, recorreriam a esses princípios para formularem as regras próprias de suas fundações.
Santo Agostinho, assim como outros grandes e ilustres letrados, escreveu muito e durante toda sua vida, deixando uma obra monumental para a Igreja, quer dizer, para cada um de nós. Contudo, poucos escreveram como ele sobre o amor e a caridade. Basta entrar em contato com quaisquer de seus escritos para perceber, quase que de imediato, que as palavras mais torneadas por sua pena são justamente estas: amor/“caritas”. Não por acaso que ele também é conhecido como o “Doutor do amor” ou o “Doutor da caridade”.
Caridade e amor
A caridade de Agostinho está muito longe de ser mera filantropia. Para ele, a caridade só é verdadeira quando está imersa no amor de Cristo. A caridade assim entendida torna-se a regra de ouro de todo o comportamento humano. Ele conseguiu resumir seu pensamento sobre o amor em uma magnífica e admirável fórmula: “Ama e faz o que quiseres”. O sentido de sua caridade, portanto, não é somente humana, mas sobre-humana, uma virtude sobrenatural que se dirige para Deus e assim as transcende e realiza.
Agostinho encontrou o amor e a liberdade porque procurava, com muita insistência, a verdade. Amor, verdade e liberdade pode ser considerado o grande trinômio presente na vida desse grande Padre da nossa Igreja. Ele se fez defensor daquela liberdade que é inseparável da verdade e do amor.
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Ainda nesse sentido, na primavera de 415, escreveu uma carta a São Jerônimo proclamando que a lei da caridade é a lei da liberdade. No mesmo período de sua vida, Agostinho define esta “lei da liberdade” como o amor derramado pelo Espírito Santo no coração do homem. Assim, somente a liberdade do amor, concedido por Deus, liberta eficazmente o coração humano de sua escravidão.
Enfim, neste primeiro artigo sobre Santo Agostinho, tivemos uma pequena e introdutória noção da valorosa contribuição que esse gigante da fé deu à Igreja. No próximo artigo, falaremos com mais detalhes sobre a sua vida apostólica e apontaremos para alguns dos maravilhosos frutos de santidade deixados por ele.
Deus abençoe você e até a próxima!