Somos seres sexuados. Desde que são pequenas, falamos com as crianças sobre suas características pessoais, como olhos pretos, castanhos ou azuis, cabelos loiros ou castanhos, mão pequena, nariz afilado, sexo feminino ou masculino e assim por diante. Então, por que não falar sobre sexualidade, isto é, sobre tudo o que envolve ser homem ou mulher?
Hoje, vemos dois extremos perigosos quanto à sexualidade infantil: por um lado, há a superestimulação ocorrida por parte dos pais, adultos em geral e, principalmente, pela mídia; por outro, a repressão excessiva, sequela de gerações anteriores, nas quais estes assuntos não estavam na pauta do dia a dia.
É preciso falar, de forma saudável, sobre sexualidade
Lidamos com a sexualidade não somente a partir do momento em que ela é falada, mas em todos os momentos da vida. Quando os pais cuidam do bebê, a maneira como se relacionam com ele, por meio da relação afetiva deles [pais], quando os papéis sociais são bem definidos e as perguntas da criança são respondidas com clareza, quando são supridas suas necessidades emocionais e a maturidade e o desenvolvimento psicossocial dela são respeitados, a criança está recebendo educação sexual.
Alguns pais, por diversos motivos, antecipam informações e disparam a falar além da necessidade da criança, gerando nela ansiedade e tensão. No entanto, o melhor a fazer é responder, de maneira simples e na linguagem dela, aquilo que perguntou. Caso ela não tenha entendido, perguntará novamente. Se há uma relação de afeto positiva e uma abertura para o diálogo na família, há um terreno fértil para que a criança se sinta à vontade para falar sobre qualquer assunto. Contudo, precisamos saber o que é apropriado para a criança.
Refiro-me, principalmente, a programas televisivos, músicas, revistas, insinuações que estimulam comportamentos erotizados e sensuais, prejudicando o desenvolvimento dela, pois tais conteúdos podem gerar distorção em sua capacidade de sentir, interagir, conhecer e relacionar-se. Dessa forma, a criança é estimulada a dar um salto para a sexualidade genital, sendo que não possui condições emocionais, biológicas nem maturidade para compreendê-la, despertando nela, muitas vezes, alto nível de ansiedade e depressão.
Influências externas
Insisto sobre a influência da televisão de moldar os comportamentos, principalmente das crianças e dos jovens. Pesquisas nos mostram que, no Brasil, a exposição das crianças, diante da televisão, é de 4h30 em média, e o que agrava a situação é que 80% da programação a que assistem são para adultos.
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Essa é uma questão ampla, pois envolve todo um contexto socioeconômico e cultural pelo qual passa a sociedade moderna e em transformação como a nossa, na qual as mães saem para trabalhar e os filhos ficam sozinhos em casa.
Há também a questão da violência, que faz com a maioria das crianças e jovens não saiam mais para brincar nas ruas entre as outras. No entanto, não podemos parar nessas condições e cruzar os braços, como se não dependesse de nós mudarmos essa situação. Comece em sua casa, com seus filhos. Converse com seu esposo(a). Procure o diálogo, compartilhe sua vida, sua história. Que Deus os abençoe nesta empreitada!
Mara Lourenço