Quando fui desafiada a escrever sobre o tema deste artigo, o Brasil chegava em seu pior mês de mortes causadas pela pandemia do Coronavírus. Em toda a minha pesquisa como jornalista, os dados eram cada vez mais alarmantes e assustadores. Depois de ouvir especialistas, educadores, médicos e cientistas, percebi que o maior desafio que a Educação do nosso país enfrenta é o de seguir em frente, de continuar em meio às incertezas e aos prejuízos gerados pela desigualdade social.
Neste período em que as escolas foram fechadas e as aulas presenciais foram interrompidas, nosso país regrediu em termos de educação e conhecimento. Especialistas explicam que a situação ainda é mais preocupante no caso de famílias que vivem em situações vulneráveis, onde crianças e jovens acabam abandonando o vínculo com a escola. Mesmo havendo esforços para a continuidade do ensino no modo remoto, a grande maioria não é alcançada. Faltam acesso à alimentação, internet, computadores. Os programas de apoio são lentos e restritos.
Quais as consequências na educação por causa da pandemia?
O que antes já era sofrido em se tratando de Educação, com a pandemia se agravou. Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, divulgada em janeiro de 2021, mostrou que cerca de 4 milhões de estudantes com idade entre 6 e 34 anos, matriculados antes da pandemia, abandonaram os estudos. Dificuldades financeiras e problemas de acesso as aulas estavam entre os principais motivos da evasão.
A escolar é rede de proteção a crianças e jovens, ali que há desenvolvimento de competências e formação cidadã. Os relatos de pais que não sabem lidar com a falta de socialização dos filhos só crescem. De acordo com o Unicef, órgão das Nações Unidas, que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, é preciso aliviar os impactos causados neste período às crianças, aos adolescentes, aos seus pais e cuidadores, e às pessoas envolvidas com a prevenção à Covid-19, sendo assim, lançou orientações específicas a esses grupos de pessoas que estão disponíveis em sua página da internet.
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adaptação de ensino na pandemia
Em meio ao caos, ainda resta esforço, vontade, persistência e esperança de dias melhores. O colapso gerado pela pandemia, com mais de um ano de creches, escolas e universidades fechadas obrigou pais, alunos e professores
a reinventarem os processos de ensino e aprendizagem; a lutarem com o pouco que tinham para darem continuidade a educação. Os exemplos vêm de longe e inspiram os que se sentem fatigados pelo peso dos dias. Lá do interior
do estado do Maranhão, uma diretora de escola saiu em busca de seus alunos, convencendo-os a não virarem estatísticas da evasão escolar. Em Goiânia, teve adolescente estudando no banco de uma praça para conseguir sinal de internet do comércio, já que na casa dele não havia conexão para poder pesquisar.
O que fica de aprendizado é a importância de priorizar as relações, mesmo estando em diferentes ambientes físicos. Professor e aluno, família e escola, juntos, podem abrandar o peso das circunstâncias. Seja por celular, computador ou tablet, oferecendo uma palavra de acolhimento, de carinho, se fazendo presente mesmo à distância; retornando a uma atividade solicitada, estimulando as produções coletivas, promovendo o afeto em diferentes faixas etárias são fatores que contribuem para o enfrentamento de tempos tão doloridos.