Nunca se ouviu falar tanto sobre crise conjugal e altos índices de separações como nos tempos atuais. O matrimônio, muitas vezes, foi e continua sendo apresentado mais como um fardo, e até mesmo de forma alegórica utiliza-se a prisão e as algemas.
Muitas questões rodeiam principalmente a quem se encontra dentro de um contexto de crise conjugal em que, aparentemente, não se consegue ver uma luz no fim do túnel. Não tenho a pretensão aqui de tocar em todas as possibilidades possíveis que levam à crise ou trazer receitas precisas de soluções, mas quero com você refletir em busca de passos objetivos para a crise que esteja vivendo no seu matrimônio.
Na hora da crise: diálogo ou monólogo?
Um dos conflitos iniciais e que acompanha qualquer casal em toda a sua trajetória juntos é a necessidade do diálogo. Muitos casais quando buscam ajuda, seja espiritual ou de terapia de casais, percebe logo que estavam cada um buscando sempre a experiência do monólogo e não do diálogo.
Para haver diálogo é preciso, antes de tudo, cultivar a disposição de ouvir o outro que fala e, mais ainda, quando esse outro é alguém que eu amo e que me dispus a por toda a minha vida fazê-lo(a) feliz.
Quando estamos trilhando um período de crise, independente dos motivos, precisamos parar e, diante de toda a confusão interior, de todas as certezas e incertezas, é essencial parar e desarmados de todas as certezas que trazemos e dispor a ouvir o que o outro tem para falar, sem julgamentos.
É fácil? Lógico que não, mas se faz necessário, se queremos, de fato, sair da crise juntos. Também devo colocar para o outro o que penso, como estou etc.
Fazer memória
Com os elementos em mãos depois de um bom diálogo, se faz necessário temperar o tempo presente em meio à crise fazendo memória, trazendo para o hoje tudo o que já se foi vivido de bom, as tantas vitórias que conquistamos juntos; e, para ajudar a começar esse exercício, relembre e reze com o compromisso que vocês fizeram um ao outro diante de Deus, na celebração do matrimônio;
Eu, (nome), te recebo (nome), por minha esposo(a) e te prometo ser fiel,
amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias da nossa vida.
Não faça memória desse compromisso como se tivesse caminhando para um abismo, para um presídio ou algo parecido, mas com a certeza de que isso é um caminho de santidade, de ascese, de crescimento como pessoa, de quem trás na vida e em si luzes e trevas, virtudes e pecados e, juntos, buscando dia a dia a unidade, podemos superar as crises.
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Quem tem de mudar primeiro?
Mas e aí, dialogamos, fizemos memória e agora quem tem de mudar primeiro? Muitas vezes, gastamos energias nos nossos relacionamentos procurando culpados — tratando a pessoa que está ao nosso lado, a quem me comprometi
fazer feliz por toda a minha vida —, não como alguém que amo, e sim como meu adversário, quase inimigo.
No matrimônio não podemos fazer do lar um campo de batalha ou ringue de boxe, lutando um contra o outro.
Que tal, hoje, fazer o exercício de contemplar o seu amado(a) com um olhar novo, com novas perspectivas, buscando como superar a crise juntos?
Buscar ajuda é essencial
Espero que essa pequena reflexão possa ajudá-los de alguma forma, porém algo que se torna essencial para qualquer casal que deseja não somente superar a crise, mas permanecer juntos para sempre até que a ‘’morte os separe’’ é pedir ajuda, buscar acompanhamento espiritual e de casais mais maduros com experiência de vida, ajuda psicológica individual e como casal. E, acima de tudo, o melhor de todos os auxílios, o de Deus.
Permitam que Deus se faça presente todos os dias na vida de vocês, em todas as circunstâncias e, principalmente, nos momentos difíceis. Tenha a certeza de que por mais difícil que pareça, mesmo que as ondas e os ventos sejam contrários, é possível amar e permanecer juntos até o fim da vida, rumo ao Céu.
Que Deus conceda a vocês o amor mais forte que a morte todos os dias.
Tamu junto,