É fundamental para a formação da família cristã, conforme o ensinamento de Cristo, que as pastorais diocesanas ofereçam uma preparação ao matrimônio remota, próxima e imediata e um acompanhamento dos cônjuges nos primeiros anos de casamento. Os casais que trabalham nas pastorais familiares, com os pastores, devem trabalhar junto aos namorados, noivos e esposos mais recentes para orientá-los.
Esta orientação deve levar os jovens a descobrir o valor e a riqueza do matrimônio, a beleza da união conjugal, o sentido belo e correto da sexualidade, a paternidade responsável e a educação dos filhos. Diante dos grandes problemas que a família hoje enfrenta, toda a comunidade cristã é chamada a trabalhar na preparação dos noivos para o casamento. Sobretudo, é necessário lembrar a importância das virtudes, de modo especial o amor e a castidade. E nisso é importante o bom exemplo das famílias cristãs que se tornam uma revelação do amor de Deus.
Nessa formação dos noivos, é preciso levá-los à vivência do batismo e dos demais sacramentos, levando-os a participar da vida da Igreja.
A importância das formações sobre o sacramento do matrimônio
O Papa Francisco lembra que este trabalho com os noivos é também um bem para as comunidades cristãs, já que esses novos casais renovam a comunidade. Cada diocese deve escolher os meios mais adequados a esse trabalho, dando a formação doutrinária básica, de modo atrativo, priorizando a qualidade, o anúncio renovado do querigma e a iniciação ao sacramento do matrimônio. Também as famílias dos noivos devem ajudar nessa formação. Os grupos de noivos e as palestras adicionais ajudam esta formação.
É indispensável a ajuda dos pais nesta formação dos noivos para viver o Evangelho e o amor na família.
Os noivos devem ser levados a meditar sobre as diferenças entre eles e os riscos que possam gerar um fracasso matrimonial. O deslumbramento inicial não deve esconder as divergências nem adiar as soluções de problemas já conhecidos de ambos. Que os noivos expressem o que cada um espera do matrimônio, o que cada um espera do outro e o tipo de vida que vão viver. O diálogo essencial deve ser estimulado para fortalecer a união do casal e superar seus problemas.
É importante que cada um aprenda a ver os pontos fracos do outro e o cultivo da esperança para ajudá-lo a superar seus problemas e promovê-lo como ser humano. Amar é construir a pessoa amada com amor, paciência, perdão e esperança, aceitando os momentos de renúncia.
É fundamental o conhecimento mútuo dos noivos
Infelizmente, muitos se casam sem se conhecer, então, é importante que os noivos sejam levados a se dar a conhecer mutuamente, revelando-se um ao outro com sinceridade, sem falsear a realidade. Os noivos devem entender que o matrimônio não é o fim de um caminho, mas o começo de uma vocação de “construir o outro” e a futura família. Além dos conceitos espirituais e doutrinários, os noivos devem também ser orientados com os bons recursos da psicologia e dos bons testemunhos no relacionamento conjugal. Isso implica também que eles devem ter acesso a casais e profissionais que possam ajudá-los.
Não se deve deixar de propor aos noivos a necessidade da confissão com o sacerdote, de modo a colocar os pecados e os erros da vida passada sob o perdão e a cura de Deus.
Os noivos devem ser orientados a não se preocuparem apenas com os preparativos do casamento, mas se prepararem pessoalmente. Por causa dessas preocupações e despesas alguns optam pela “união de fato”, sem chegarem ao matrimônio. O Papa pede que os noivos não se deixem levar pela sociedade de consumo e de aparência, fazendo uma festa de casamento simples e barata. “O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça”. E que os noivos sejam levados a viver com profundidade a celebração litúrgica, compreendendo o sentido das palavras e dos atos.
Que eles sejam alertados para a seriedade do compromisso que vão assumir no altar: fidelidade, abertura à vida dos filhos e amor recíproco, “até que a morte os separe”. O compromisso assumido no altar não é só para aquele momento, mas para a vida inteira. A vida sexual e seu ato procriador é um desdobramento do juramento do altar.
Que os casais sejam incentivados a rezar juntos, um pelo outro, rogando a Deus as graças para serem fiéis um ao outro, consagrando seu amor a Virgem Maria.
Questão de amor e decisão
Nos primeiros anos de casados, os esposos devem ser acompanhados lembrando-lhes que o matrimônio é uma questão de amor, que não pode depender apenas da atração ou da afetividade; isto os torna frágeis. Deve-se reforçar a decisão de se amarem até o fim. O trabalho com os recém-casados deve completar o que faltou em sua preparação no noivado.
O matrimônio deve ser olhado como uma missão, e não como uma diversão, em que eles são os protagonistas, olhando para o futuro a ser construído dia a dia na graça de Deus. Não pode haver a ilusão de que o outro seja perfeito; cada um deve ser aceito como é, para ser transformado com paciência, compreensão, tolerância, perdão, etc… Não pode haver uma atitude de acusação, reclamações, desesperança ou competição. O matrimônio deve fazer o outro crescer. Deve ser a graça de Deus que os acompanha sempre. A vida conjugal deve ser uma feliz doação mútua, que é a única realidade que satisfaz o coração humano. Deve-se ter o gosto da pertença mútua. “Sereis uma só carne” (Gen 2,24), disse Deus ao primeiro casal. As necessidades do outro devem ser colocadas acima das minhas, e o matrimônio como um bem para a sociedade. Cada um é um instrumento de Deus para fazer o outro crescer. Essa é a beleza do matrimônio.
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O combinado não sai caro
No casamento, tudo deve ser conversado, dialogado e combinado. O povo diz que “o que é combinado não é caro”. Não pode haver vencedores nem vencidos nessas decisões. Às vezes, os desentendimentos surgem por falta de combinarem as coisas, os gastos, os passeios etc. As decisões, em todos os assuntos, não devem ser tomadas unilateralmente.
O casal deve entender que não pode haver expectativas muito altas na vida conjugal. Quem vive sonhando pode acordar com pesadelos. Esteja preparado para os problemas que surgem, a luta para vencê-los é um caminho de amadurecimento.
O Papa Francisco recomenda que se redescubra a Encíclica Humanae vitae (cf. nn. 10-14) e a Exortação apostólica Familiaris consortio (cf. nn. 14; 28-35) para se reavivar a disponibilidade a procriar, contrastando uma mentalidade frequentemente hostil à vida. Deve-se promover o uso dos métodos baseados nos ritmos naturais da fecundidade, insistindo sempre que os filhos são um dom maravilhoso de Deus, uma alegria para os pais e para a Igreja. Através deles, o Senhor renova o mundo. Bento XVI disse que “uma nação sem filhos é uma nação sem futuro”.