Amor de Deus

Siga o modelo da educação paterna de Deus para a criação dos filhos

O amor de Deus por nós é algo tão sublime, que supera toda nossa imaginação. Ao fazer-se homem e morrer na cruz por nós, depois de ficar três horas pendurado por três pregos, Deus provou quanto nos ama. O próprio Jesus disse que “de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3,16). O amor de Deus é maior que o amor de nossos pais por nós. Diz o Salmo que se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá (cf. Salmo 26,10).

Ao nos criar a Sua imagem e semelhança (cf. Gênesis 1,26), Deus fez de nós a Sua glória. Ele nos fez para Si; a Ele pertencemos (cf. Salmo 94,7) e somente n’Ele podemos nos realizar plenamente. Santo Agostinho, depois de converter-se, exclamou: “Tu nos fizeste para Vós, Senhor, e nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Vós.”

Amar a Deus sobre todas as coisas

Deus exige que o nosso amor por Ele esteja acima do amor a todas as criaturas, bens, pessoas etc., porque o Seu amor por nós está também acima de tudo. É simples: Ele não aceita ser o segundo amor da nossa vida, já que nós somos o Seu primeiro amor. É nessa perspectiva que Jesus exige: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim” (Mateus 10,37).

Como um pai educa seu filho

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Jesus quer, é claro, que amemos os nossos familiares, mas quer que O amemos mais ainda do que a eles. A razão é esta, repito: nós somos o Seu primeiro amor. Deus nos ama tanto, que chega a ter um santo ciúme de nós. É o que São Tiago nos ensinou: “Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tiago 4,513).

Nunca troque Deus por ídolos mudos

O que mais enfurecia Deus era ver Seu povo escolhido, libertado da escravidão do Egito, prostituir-se na busca e na adoração dos deuses falsos. Todos os profetas narram a profunda mágoa do Senhor quando Seu povo O traiu. Ele se sentia como um marido traído pela esposa. E cada vez que Israel O abandonava para adorar os Baals, Molocs, Asserás, etc., o Senhor também abandonava Israel nas mãos dos inimigos, para que, provado na dor e no abandono, voltasse para o seu Deus. Essa foi a longa história do povo hebreu, a quem Deus desposou para trazer-nos a salvação em Jesus Cristo.

Com cada um de nós acontece mais ou menos a mesma realidade. Caminhamos nesta vida, muitas vezes, trocando o Deus verdadeiro pelos ídolos mudos: fama, dinheiro, casas, carros, terrenos, prazer etc. E como Deus nos ama ‘até ao ciúme’, Ele não quer nos perder para esses ídolos, para os quais somos arrastados pelas nossas más inclinações. Para nos educar e quebrar em nós o impulso dessas más inclinações, Ele usa as provações da vida.

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São Paulo nos ensina na Carta aos Hebreus: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho“(Hb 12, 5-6). E continuou: “Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos traia como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige. Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, serieis bastardos e não filhos legítimos” (Hb 12,7-8). Quer dizer, aos olhos da fé, que as provações desta vida fazem parte da pedagogia paterna de Deus em relação a nós, Seus filhos. “Feliz o homem a quem ensinais, Senhor” (Sl 93,12a). “Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige!” (Jó 5,17a).

O apóstolo foi fundo na questão: “Deus nos educa para o aproveitamento, a fim de nos comunicar a Sua santidade” (Hb 12,10). Pelas provações, Deus quer fazer-nos santos. Por isso a provação é penosa para nós. Mas disse o apóstolo: “É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz” (Hb 12,11).

Recompensa dos pais

Essa é a recompensa da educação paterna de Deus: paz, justiça e santidade. O mesmo apóstolo nos consolou, dizendo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18).

Portanto, não nos assustemos com o sofrimento de cada dia: eles são a cruz da nossa salvação. É por isso que Jesus nos disse: “Tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23c). Não fiquemos a reclamar dos nossos sofrimentos; antes, façamos como mandou São Paulo: “Em todas as circunstâncias, dai graças, pois esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1 Ts 5,18).

Além disso, garantiu-nos o apóstolo que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28a).

Deus nos ama, por isso nos educa por meio das provações da vida, que, segundo São Tiago, produzem em nós “uma obra perfeita” (cf. Tg 1,4). Assim, Deus destrói em nós os ídolos que querem tomar o Seu lugar em nosso coração, que Lhe pertence.

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Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino