Em nossa vida, com nossas famílias, no período de férias, muitos de nós têm a oportunidade de viajar e conhecer a lugares novos. Antes da viagem há toda uma preparação, sendo necessários: definir o roteiro e o melhor percurso; fazer as malas; verificar as condições do carro; escolher local de hospedagem; e por aí vai. E, como em qualquer longa viagem, temos um momento de parada e de nos alegrarmos porque está chegando o nosso local de destino.
O terceiro Domingo do Advento, o “domingo da alegria” é justamente esse momento em que nos rejubilamos e avistamos o Natal, sendo instituído de forma muito didática pela Igreja. Nessa linda “viagem”, as cores litúrgicas mudam, a liturgia se aprofunda sobre a encarnação de Cristo e nos prepara para a Sua segunda vinda; buscamos as confissões; nos dispomos por uma mudança de vida e as famílias também se organizam para as festas do final do ano.
E, mais uma vez, nos deparamos com a figura de João Batista, uma das mais expressivas no Novo Testamento, pois, todas as esperanças do povo antigo se convergem nele e é em sua pessoa que se abre a apresentação daquele que é o Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Assumiu como própria a palavra das profecias, que propunham que os vales fossem preenchidos e as montanhas abaixadas, para que a estrada estivesse aberta para aqu’Ele do qual o próprio João não se sentia digno nem mesmo de desamarrar as sandálias.
A missão profética de João Batista
No Antigo Testamento, encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é, assim, um dos elos de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento.
Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado ” o Batista”, nasceu numa cidade do reino de Judá, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino, assim como a visita de Maria à sua mãe quando ainda estava no ventre. Todas essa conjuntura realça o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.
Ao atingir a maturidade, o Batista se encaminhou para o deserto e, nesse ambiente, preparou-se, por meio da oração e da penitência para cumprir sua missão. Por meio de uma vida extremamente coerente, não cessava de chamar os homens à conversão. Alertava o povo para a proximidade da vinda do Messias e praticava um ritual de purificação corporal por meio de imersão dos fiéis na água, para simbolizar uma mudança interior de vida.
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A descoberta da vocação
Ele se torna, para nós, um exemplo a ser seguido, na austeridade e fidelidade cristã. Ele tinha consciência de si, de sua missão e, por isso, sabia que seu lugar não estaria acima ou equiparado ao de Cristo. Em nossa vida, também fica concreto de que o nosso chamado consiste em apontar o Senhor aos outros e não a nós mesmos, tendo como base a coerência de vida. De João Batista se sabe que, após a descoberta de sua vocação e lugar no mundo, escolheu um estilo de vida sóbrio e penitente, disposto a tudo.
Ninguém recebe a vida pronta, “de bandeja”, mas todos são chamados a edificá-la, prontos a enfrentar obstáculos, aceitar sacrifícios, estabelecer metas e buscar ideais. Quem busca viver na coerência com a Palavra e mandamentos de Deus é, também, coerente com sua posição no mundo, não quer tomar o lugar do outro e não tem uma vida “fora da medida”.
Requer uma busca constante, criativa, engenhosa, como na construção de uma bela obra de arte. Mas quem aprende tem a sobriedade e sensibilidade na relação com o outro, no trabalho, na família, com os bens materiais e se reconhece filho de Deus. Com isso, não toma nem mesmo o lugar de Deus. Podemos não perceber, mas tomamos o lugar de Deus ao querermos impor nossas vontades, argumentos e controlar a própria vida. João Batista se colocava no lugar dele, sabia que era o precursor e não o Messias.
Ter esta sabedoria é segredo para se viver bem! É saber para onde estamos indo, nos alegrarmos por essa caminhada e desejarmos muito mais o Cristo em nós do que nós mesmos.