No ciclo vital dos relacionamentos, as pessoas se conhecem, apaixonam, namoram e, se tudo correr bem, casam e vivem felizes para sempre, ou não. Porém, não é só de amores que vive o homem.
Quando as pessoas começam a relacionarem-se, e a relação estabelece, deixam de ser só dois “amantes” que se relacionam, não são mais “só” duas pessoas. Há, então, a transição entre dois mundos, e as pessoas que fazem parte de cada um. Por exemplo, ele com a família dele, amigos e parentes; ela com a família dela, amigos e parentes. Nessa hora, tudo pode ocorrer de maneira harmoniosa, onde todos se relacionam e enriquecem com o novo relacionamento, então, as novas relações se estabelecem ou podem surgir as relações conflituosas. Ele versus o mundo dela e ela versus o mundo dele, pois, entre duas pessoas que relacionam-se, existe um sistema de valores e uma cultura própria que cada indivíduo traz consigo, uma cultura da família de cada um. Sendo assim, o irmão passa a ser cunhado; o pai passa a ser sogro; e a mãe é a sogra. Nesses novos papéis, algumas tensões podem aparecer. E, parece que, no papel da sogra há um estereótipo mais duro de se enfrentar.
Construindo um bom relacionamento
Duas mulheres (sogra/nora), de mundos distintos, porém, com algo em comum, o filho/esposo. Mas para a mãe é o filho e tudo que está posto nessa relação, já para a mulher é o esposo e tudo que também está posto nessa relação. Se tivermos uma mãe possessiva, dificilmente teremos um relacionamento saudável sogra e nora. Porque essa sogra sempre se sentirá ameaçada pela outra mulher (esposa do filho) e, inconscientemente (ou até consciente), interferirá na relação deles. E, se tivermos uma esposa possessiva, a recíproca também será verdadeira. Ou seja, essa esposa se sentirá ameaçada pela outra mulher, no caso, a mãe do esposo. Então, será guerra declarada.
E quando surgem os filhos, os netos? Se a tensão existia, agora está armada a 3ª Gerra mundial, pois, a partir desse momento, existe mais um ser ligado a elas. Aqui a relação delas pode se agravar, caso essa possessão das duas partes se projete também no filho/neto que nasceu, ou pode atenuar-se, onde não precisam mais competir, mas se entendem nos lugares de mãe e avó.
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Mas como então resolver tal dilema sogra e nora?
Vejo que o melhor caminho é na conjugalidade saudável que o casal precisa lutar para viver. Para isso, é necessário que os cônjuges revejam como deram-se seus vínculos, com as respectivas mães de cada um, porque a relação com a mãe é a base para os futuros relacionamentos amorosos. Assim, se o homem consegue perceber como foi, e como é esse vínculo com a mãe dele, ele saberá jogar luz sobre as possíveis sombras, fará um distanciamento necessário para que possa ter autonomia e vincular-se a sua mulher. No caso da mulher, o modelo de relação que viveu, e vive com a mãe dela, poderá servir de termômetro para o seu relacionamento com outras mulheres, nesse contexto, a sogra.
Quando o casal percebe que a mãe/sogra tem uma forte relação de dependência com o filho/esposo; busquem entender que para ela (sogra) o casamento desse filho significou uma brutal separação sentimental. É como se ela tivesse perdido o “amor” da vida. Então, como reação inconsciente, ela assume uma postura de criticar a nora em todas as suas ações e gestos, começa a dar palpite em tudo, em uma tentativa de manter o filho sob sua influência. Nessa hora, o casal precisa fortificar a conjugalidade, apresentando de maneira natural que essa “mãe/sogra” não está perdendo o amor da vida, e sim ampliando as possibilidades desse amor.
O esposo/filho tem uma função de extrema importância na qualidade dessa relação de sogra e nora. A ele fica a árdua como também necessária tarefa de distinguir o amor de mãe do amor de esposa; estabelecendo para essas mulheres os lugares bem protegidos de mãe e esposa, para que uma não invada o lugar da outra. O homem deve deixar que situações cotidianas tornem-se palco de conflito aberto e, se isso ocorrer, buscar não assumir partidos, e sim buscar o bom senso da resolução.
Contudo, nem tudo está perdido. Quando essa relação amadurece e cada uma entende seu lugar no coração do filho/esposo, o amor que ele tem para com elas amadurece e há o enriquecimento emocional da relação dele com as duas.