É comum, nos tempos de hoje, dúvidas do tipo: “Deus é uma força? É uma natureza? É cada um de nós? Quem é Deus?”. Deparamo-nos com caricaturas d’Ele criadas pelo próprio homem; com isso, muitos caminham acompanhados por falsos deuses e se afastam da esplêndida experiência de conhecer profundamente o verdadeiro Deus e Seu amor. Ele nos ensina, por meio das palavras do profeta Oseias: “Eu quero conhecimento de Deus e não holocausto”. É exatamente na Palavra o lugar por excelência para conhecer melhor o Senhor.
O Livro Sagrado nos revela os anseios do coração de Deus (conf. Pr 23, 26); os mandamentos d’Ele (cf. Mc 12, 30-31); Suas promessas para nós (cf. Mc 9,37). Em I João 4,8, deparamo-nos com a definição mais perfeita sobre Ele: “Deus é amor”.
Quem conhece o amor, conhece a Deus
Pode parecer vago ou até muito relativa a afirmação de que “Deus é Amor”, mas essa afirmação não se encerra em si, trata-se de um convite para embarcar em uma grande aventura. Se pararmos no texto da primeira carta de São João e, a partir dela, pensar que já descobrimos quem é Deus, corremos o risco de viver no relativismo, pois se Deus é amor e isso basta para entendê-Lo, vou defini-Lo segundo a minha visão do amor. Frequentemente, a definição que se tem do amor é imatura e egoísta, ou seja, não é verdadeiramente o Deus/Amor conforme nos aponta São Paulo em Coríntios 13,1-13.
A declaração de João – “Deus é amor” – é um convite do Senhor a um caminho de descoberta. Ele deseja que nos aventuremos nessa jornada em busca do amor, porque só conhecendo profundamente o que é o amor, conheceremos quem é Deus.
“O amor me explicou todas as coisas”. Essa frase célebre de São João Paulo II expõe a experiência profunda que, ainda na sua juventude, ele fez com o amor de Deus. O santo, durante sua vida, buscou revelar ao mundo a beleza que é aventurar-se no amor do Pai. E é exatamente isso que a afirmação “Deus é amor” nos porta: um convite a trilhar uma aventura esplêndida de conhecimento do Senhor e conhecimento pessoal.
A Palavra nos direciona
O livro Imitação de Cristo, na página 206, define os efeitos que essa aventura traz para o homem: “Quem ama corre, voa, vive alegre, é livre e nada o embaraça”. E ainda: “Só quem ama é que pode compreender a voz do amor”. Sim, o amor tem voz, tem vontade, tem gestos, por que Deus é amor. É impossível conhecê-Lo de outra forma que não seja pelo amor, é impossível conhecer o verdadeiro amor se não o conhecermos em Deus.
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O homem que não experimenta o amor de Deus torna-se incapaz de amar verdadeiramente. Aqui, tratamos de uma experiência concreta de amor filial, que só na presença do Senhor podemos tocar. No livro de Isaías, no capítulo 49, o Autor Sagrado faz uma comparação do amor de Deus com o amor de uma mãe por seu filho: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”.
Amor incondicional
“Eu não o esqueceria nunca”. É assim que o Senhor nos ama, um amor eterno (cf. Jeremias 31,3). Um amor concreto que se manifesta no dia a dia, que nos conduz nos momentos de trevas e nos auxilia nas tribulações. A grande ausência que se manifesta na atualidade é a ausência do amor de Deus; não porque Ele parou de nos amar, mas porque nós não encaramos a aventura de conhecer esse território do amor.
O Senhor nos criou para o amor, e Seu desejo é nos conduzir pelas vias do amor. Diante de tantos discursos de ódio, divisões, brigas pelo poder e destruição da dignidade do homem, Ele quer que Seus filhos experimentem com mais e mais clareza o amor, uma energia que nos leva adiante, mesmo com diferenças; é a ponte que liga as pessoas, mesmo com discordâncias.
O Senhor nos convida, hoje, a irmos mais adiante nessa jornada de conhecimento do amor. É uma jornada em direção a Ele, em direção ao nosso próximo e a nós mesmos. Só conhecendo profundamente o amor do Pai conheceremos Deus, conheceremos a nós mesmos e, enfim, contribuiremos para uma sociedade justa e unida. Abra-se ao amor.